O diretor financeiro e de relações com investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, confirmou ontem que ainda tem interesse na usina hidrelétrica de Sinop, de 400 megawatts (MW). Mas negou que uma negociação tenha sido iniciada e indicou que as condições apresentadas pelo consórcio vencedor para arrematar a usina podem não ser interessantes. O empreendimento foi licitado no leilão de energia A-5, de projetos para entrega em cinco anos, em 29 de agosto, e vencido pelo consórcio formado pelas subsidiárias da Eletrobras Chesf e Eletronorte, com 49%, e Alupar, com 51%. Mas a Alupar deve desistir do ativo após a assinatura do contrato, que deve acontecer em março do próximo ano, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, acredita que a participação de sua sócia pode ser vendida a outras empresas e reafirmou ontem que a Cemig e a EDF, além de um grupo internacional cujo nome não foi revelado, estariam interessadas no ativo.
Rolla declarou que não há uma negociação em andamento. "Isso é uma especulação que está no mercado, não existe essa negociação", disse, durante evento de energia Energy Summit. A Cemig participou da concorrência pela Sinop e ficou em segundo lugar em consórcio com a EDF. "Nossa proposta visava um retorno mínimo aprovado pelo conselho. Menos do que isso o conselho não aprovaria", declarou Rolla.
José Carlos de Miranda Farias, diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vê com tranquilidade a questão. De acordo com ele, um investidor desistir do negócio é possível, está prevista no edital e já aconteceu em outros momentos. "Não tem implicação nenhuma", afirmou. A Alupar anunciou a desistência do empreendimento no mesmo dia em que venceu o leilão e surpreendeu o mercado.
Apesar de frisar que a Cemig estará presente em todas a licitações do setor, Rolla negou interesse nas seis distribuidoras do grupo Eletrobras, em dificuldade financeira, e que podem ser colocadas à venda. "O problema é que essas empresas estão muito afastadas da nossa base operacional." O objetivo da Cemig é buscar ativos que compensem a devolução de concessões ao governo, já que a empresa não achou vantajoso renová-las. Nesse contexto, Rolla está revendo o plano de investimentos para usinas hidrelétricas Jaguara, São Simão e Miranda, cujas concessões serão devolvidas. Os aportes para assegurar a qualidade, segundo ele, serão mantidos.
"Nós tinhamos um programa muito ambicioso de modernização de operação dessas usinas porque tinhamos uma perspectiva de operá-las por mais de 20 anos", disse Rolla. "Como estamos sub júdice, nada mais sensato do que rever este volume de investimento." Sobre a reestruturação das distribuidoras da Eletrobras, Carvalho Neto declarou que apresentará ao governo, na próxima semana, o plano para a reestruturação das suas seis empresas. Segundo o executivo, há diversas opções, o que deverá ser decidido pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
"Tem a opção de não vender nada [das distribuidoras], tem opção de vender 49%, tem opção que vender 51%", afirmou Carvalho Neto. Ele acredita que a federalização da Celg D, distribuidora de energia do governo goiano, seja concluída este ano. Há dois anos a Eletrobras assinou protocolo de intenções com a Celg D para transferir 51% do capital e o controle da empresa.
Ontem, Carvalho Neto foi à Brasília assinar Acordos de Acionistas com Gestão Compartilhada da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) e da Companhia Energética de Roraima (CERR), com os governos do Amapá e de Roraima. Pelo acordo, a Eletrobras não aportará recursos financeiros, apenas a experiência e conhecimento de seus técnicos, que assumirão cargos de direção. "A Eletrobras não vai entrar para salvar a empresa, quem está salvando é o governo federal", disse o executivo. (Valor Econômico)
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