quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Comitê Brasileiro de Barragens defende reservatórios e recomenda reavaliação de inventários hidrelétricos

O Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB) quer inserir a sociedade nas discussões em torno dos reservatórios de acumulação. A entidade defende que um amplo debate de nível técnico, sem influências políticas ou ideológicas, seja apresentado à sociedade, que é diretamente afetada pelas decisões do setor de energia elétrica. Para o comitê, os reservatórios têm importância estratégica para o desenvolvimento sustentável do país, uma vez que promovem maior segurança à matriz energética e possibilitam variados tipos de uso que impulsionam o desenvolvimento das cidades do entorno.

"O objetivo do comitê é difundir o uso múltiplo da água. O Brasil tem um recurso hídrico invejável e não podemos desprezar essa riqueza, mas temos que atuar de maneira responsável. Pregamos o desenvolvimento sustentável", declarou o presidente do CBDB, Erton Carvalho. O comitê recomenda que sejam reavaliados os inventários hidrelétricos já elaborados, no que se refere à importância dos reservatórios de regularização de vazões, visando a segurança do atendimento das necessidades do desenvolvimento nacional.

Segundo ele, desde que os reservatórios ganharam status de "vilão ambiental e social", eles deixaram de ser considerados no planejamento energético brasileiro. "As usinas a fio d'água ficam à mercê da vazão dos rios e a estiagem que se viu no ano passado foi bem preocupante. Já as fontes alternativas - eólica, solar e biomassa - são complementares e não garantem o abastecimento. Diante desse cenário, para a geração firme restam apenas as térmicas a carvão, óleo, gás e nucleares, muito mais caras e poluentes", afirmou Carvalho.

Em contrapartida, ainda na opinião de Carvalho, os impactos ambientais causados pela construção de reservatórios de acumulação são, em grande parte, mitigáveis a níveis toleráveis ou até mesmo reversíveis. Mesmo assim, somente um terço do aproveitamento hidrelétrico brasileiro foi aproveitado. De acordo com o engenheiro, o Brasil tem o terceiro maior potencial hidrelétrico estimado, cerca de 245 GW, ficando atrás apenas da China e da Rússia.

"É nosso dever estimular um amplo debate nacional a respeito da gestão dos recursos hídricos do país, de modo a evitar um iminente subaproveitamento das potencialidades hídricas nacionais, principalmente no que se refere à geração de energia elétrica. O país está deixando de lado seu imenso potencial hídrico, o terceiro maior do mundo, quando precisa armazenar energia para atender à demanda cada vez maior", observou Carvalho.

Ele lembra que o armazenamento de água para geração de energia é apenas uma das finalidades dos reservatórios de acumulação. Eles ainda garantem o abastecimento de água, saneamento, irrigação da agricultura, controle de cheias, transportes hidroviários, psicultura, turismo e lazer. "A produção de uva na região do Vale do São Francisco, no sertão pernambucano, só se tornou viável graças a utilização da água estocada no reservatório de Sobradinho para irrigação da agricultura local", exemplificou.

Por isso, ainda de acordo com ele, o debate com a sociedade é fundamental. O comitê recomenda que, com base nos resultados alcançados nas discussões, se proceda à adequação da legislação pertinente, de modo a tornar efetiva as alterações que forem necessárias. "Que as alterações contemplem também a necessidade de que os estudos ambientais sejam iniciados juntamente com o planejamento integrado dos aproveitamentos hidrelétricos a serem realizados", comentou. (Canal Energia)
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