Um problema de infraestrutura, que inclui também problema de gestão, tem consequência na conta de luz dos brasileiros. No início do ano, mostramos no Bom Dia Brasil parques eólicos estão parados por falta de linhas de transmissão. Agora em julho, 19 deles completaram um ano sem funcionar. Um prejuízo que já passa de R$ 400 milhões.
Doze parques do maior complexo de energia eólica da América Latina foram inaugurados em julho do ano passado e estão parados. São 184 torres em uma área que abrange três municípios do Sudoeste da Bahia.
Se estivessem funcionando, os geradores seriam capazes de alimentar mais de 500 mil casas com média de quatro moradores em cada uma, ou uma população de mais de dois milhões de habitantes.
Além desse complexo, outros sete parques do Rio Grande do Norte estão na mesma situação. Foram inaugurados há um ano e não funcionam por falta de linhas de transmissão. A Chesf, companhia estatal que deveria ter entregue as conexões, atribui o atraso a três fatores.
"O processo de licenciamento ambiental, o processo de anuência dos órgãos do patrimônio histórico, e hoje uma questão muito grave, a questão fundiária", diz João Bosco de Almeida, presidente da Chesf.
A energia que deveria ser gerada nesses parques eólicos já foi leiloada. E, de acordo com o contrato, as distribuidoras têm que pagar mesmo sem receber. Assim, as usinas não perdem dinheiro. É o caso da Renova Energia, que administra os parques do Sudoeste da Bahia.
"Nós recebemos a receita, mesmo porque essa receita é usada para pagar o financiamento que contraímos junto ao BNDES. São R$ 15 milhões ao mês", revela Carlos Mathias Becker, diretor-presidente da Renova Energia.
Os 19 parques eólicos da Bahia e do Rio Grande do Norte já receberam cerca de R$ 400 milhões durante este ano em que ficaram parados. Segundo a Aneel, no fim, quem paga essa conta é o consumidor, pois esse valor é considerado um custo extra e entra no reajuste da tarifa.
Para garantir a geração de energia, o governo decidiu que apenas as usinas próximas a subestações de transmissão poderão participar dos próximos leilões.
"Nesse próximo leilão de energia eólica que vamos ter agora, o gerador eólico só pode ofertar energia se existir conexão pronta para que ele conecte os parques eólicos", diz João Bosco de Almeida, presidente da Chesf. (Bom Dia Brasil - Rede Globo)
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