A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu enviar técnicos para averiguar in loco os problemas com furto de energia no Rio de Janeiro, mercado atendido pela Light. O diagnóstico será utilizado no cálculo da nova tarifa da distribuidora fluminense, que entra em vigor no dia 7 de novembro. A viagem ainda está sendo preparada pela agência, que evitou dar maiores detalhes para não atrapalhar a operação.
O objetivo da Aneel é saber até que ponto pode forçar a Light a reduzir os furtos de energia, que fazem parte das perdas não técnicas. Como as distribuidoras podem repassar um percentual dessas perdas para a conta de luz, os "gatos" (como são chamados) encarecem as tarifas. No entanto, a Aneel também reconhece que o problema não depende apenas da Light. Em algumas áreas, os funcionários da distribuidora não conseguem entrar para instalar os medidores.
Segundo Paulo Roberto Pinto, presidente da Light, a companhia deixa de faturar R$ 1,5 bilhão por ano apenas com furtos e fraudes de energia.
Os furtos de energia são um problema para todas as distribuidoras. Mas, no Rio de Janeiro, a situação é considerada mais complexa. Em seu relatório, o analista Antonio Junqueira, do BTG Pactual, escreveu que a indicação dada pela Aneel é "bastante positiva" e mostra "humildade" por parte do órgão regulador, referindo-se à decisão de criar um grupo de trabalho para analisar se as perdas da Light são, em parte, um problema específico da concessão.
Para reduzir a conta de luz, a Aneel tem sido mais exigente com as distribuidoras que passam pelo terceiro ciclo de revisão tarifária. As revisões passaram a ser adotadas em 2003 e ocorrem a cada quatro anos. Em muitos casos, o percentual de perdas não técnicas que as distribuidoras podem cobrar dos consumidores foi reduzido acima do esperado, impactando as tarifas. A Light será uma das últimas distribuidoras a ter sua tarifa revista pela terceira vez. Para não sofrer um corte muito severo, a estratégia da Light é sensibilizar a Aneel sobre a necessidade de pesados investimentos no combate às perdas. A distribuidora espera que a Aneel reconheça esses gastos como "investimentos prudentes" e permita o seu repasse para a conta de luz.
Dentro dessa estratégia, a Light pediu o apoio do secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, para apresentar à diretoria da Aneel as ações que o governo do Rio de Janeiro tem feito de pacificação nas comunidades carentes. A companhia tem atuado em parceria com o governo do Estado para regularizar as ligações elétricas das residências dessas áreas após a polícia realizar a pacificação da região. Beltrame chegou a fazer uma apresentação aos diretores da agência, em Brasília, sobre o programa de pacificação das comunidades carentes, que antes eram dominadas pelo tráfico de drogas. (Valor Econômico)
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