terça-feira, 25 de junho de 2013

Fracasso do leilão A-0 era previsto, afirmam agentes

O 11° Leilão de Energia Existente terminou nesta segunda-feira (24/06) sem a negociação de energia elétrica. O resultado, porém, não surpreendeu a ninguém. Segundo o diretor da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marco Delgado, "este era um cenário bastante provável dado à lógica econômica". Ele explica que a perspectiva de elevação do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) faz com que os agentes geradores optem por negociar a energia no mercado de curto prazo.

O diretor técnico da Thymos Energia, Ricardo Savoia, acompanha o raciocínio. "O resultado era previsto dado às incertezas do mercado e dos preços praticados no curto prazo. Isso mostra a percepção do gerador de que o mercado de curto prazo é a melhor opção no momento."

O certame A-0, que tinha o preço inicial de R$171,80 por MWh, fecharia contratos com vigência entre 1º de julho de 2013 e 30 de junho de 2014. O objetivo era permitir a contratação de energia elétrica por concessionárias de distribuição, que atendem os consumidores finais no mercado regulado.

"Apesar do preço inicial do leilão ser de R$ 171,80/MWh, superior ao últimos "PLDs1" divulgados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o preço inicial não chega a superar os "PLD finais" que incluem os custos relativos ao despacho de termelétricas a título de segurança energética", analisa o Instituto Acende Brasil, se referindo à Resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) nº3 que instituiu um regime de transição para o PLD, afim de que se incorporasse o acionamento termelétrico por segurança energética ao indicador de preços do mercado de curto prazo.

Observa-se que devido às diversas liminares que suspendem os artigos 2º e 3º da Resolução CNPE 03/13, que alterou a metodologia de cálculo do "PLD final" para incluir parte dos Encargos de Serviços do Sistema por Segurança Energética, os valores do "PLD final" não estão sendo divulgados.

Com esse resultado do leilão A-0, as distribuidoras permanecerão expostas ao mercado de curto prazo, tendo que adquirir o montante descontratado ao PLD. Segundo Delgado, as distribuidoras estão descontratadas (involuntariamente) na ordem de 2 mil MW médios, muito em função da não adesão à Lei 12.783/2013 por parte de alguns agentes, como Cesp e Cemig.

No entanto, tanto Delgado quanto Savoia concordam que não se pode jogar a responsabilidade das exposições na conta dos agentes que não renovaram suas concessões. "Culpar quem não renovou é covarde. Era uma opção e não é justo responsabilizá-los", diz o diretor da Abradee. "Não se pode jogar as responsabilidades para as empresas que não renovaram", reforçou o diretor da consultoria Thymos Energia.

Savoia não acredita que o governo realizará um novo leilão de energia existente esse ano.

Delgado, por sua vez, espera que a situação das concessionárias seja minimizada com a distribuição das cotas das hidrelétricas Três Irmãos (Cesp) e Jaguara (Cemig). (Jornal da Energia)
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