sexta-feira, 3 de maio de 2013

Aneel define indenização por uso de térmicas

As distribuidoras de energia elétrica tiveram definidos os valores que deverão receber para cobrir os custos extraordinários provocados pelo acionamento das usinas termelétricas no início deste ano. Essas usinas foram ligadas para substituir a geração das hidrelétricas, que enfrentaram a escassez de chuvas que abastecem seus reservatórios. A definição dos valores e a destinação dos recursos foi publicada em despacho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), na edição de ontem do "Diário Oficial da União". 

O repasse totaliza R$ 2,056 bilhões referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março. Além de reduzir a pressão de caixa das concessionárias de distribuição, os recursos vão amenizar o impacto de custo das térmicas nas contas de luz dos consumidores. 

Os recursos a serem usados são originados da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). A distribuição do montante a cada distribuidora será feito pela Eletrobras. 

Entre as distribuidoras que receberão as maiores fatias de recursos estão a Light (R$ 257 milhões), a Eletropaulo (R$ 148 milhões), a Copel (R$ 128 milhões), a Ampla (R$ 124 milhões), a Cemig (R$ 120 milhões), a Elektro (R$ 115 milhões) e a CPFL Paulista (R$ 114 milhões). Essas sete empresas somam R$ 1 bilhão, praticamente metade de todo o valor previsto.

Governo ainda fecha cálculo dos custos da usina 
Ao sair do estado de hibernação, a termelétrica de Uruguaiana registrou um salto no custo de operação. A usina gerou apenas com gás natural, sem aproveitar o vapor produzido pela queima do combustível, com custo equiparado ao de usinas a óleo diesel. A AES Uruguaiana ainda será ressarcida em R$ 17 milhões pela retirada do maquinário do almoxarifado e testes iniciais. 

O gás foi garantido pela Petrobras, que teve a missão de comprar a carga de gás natural liquefeito (GNL). A demanda internacional estava superaquecida, no inverno do Hemisfério Norte. A carga de GNL saiu a US$ 20 por milhão BTU (unidades térmicas britânicas), comprada dos franceses GDF Suez, que enviaria a carga à usina William Arjona (MS), da Tractebel. 

Até a usina gaúcha, o insumo precisou pagar "pedágio" na Argentina onde foram incluídos custos com desembarque nos portos Bahia Blanca e Escobar, passando pela regaseificação, transporte do gás, tributos aduaneiros e até garantias financeiras para fechar os contratos. A Aneel, inclusive, encontrou dificuldades para auditar os custos na cadeia do gás. Parte dessas despesas precisa ser reconhecida para que as empresas sejam ressarcidas pelo setor elétrico. 

O ponto de entrega de gás mais perto do Brasil é no polo petroquímico de Porto Alegre, a 500 km. Mesmo nas condições atuais, o governo negocia uma forma de viabilizar o uso de Uruguaiana, ainda que em caráter emergencial, por mais 60 dias. "Nunca deixamos de considerar a necessidade de voltar a operar, não abrindo mão também de viabilizar sua operação permanente", disse o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp. (Valor Econômico)

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