quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

País está imune a alarmistas, diz Dilma

Além de descartar qualquer racionamento de energia, a presidente Dilma Rousseff aproveitou seu pronunciamento nacional para responder com veemência as críticas em relação à área econômica de seu governo."Não há maiores riscos ou inquietações. Surpreende que, desde o mês passado, algumas pessoas, por precipitação, desinformação, ou algum outro motivo, tenham feito previsões sem fundamento, quando os níveis dos reservatórios baixaram e as térmicas foram normalmente acionadas", disse.

"Essas previsões fracassaram", completou.

Segundo ela, o governo não só reduzirá a conta de luz como também dobrará a produção de energia em 15 anos. Nas últimas semanas, cresceu a preocupação sobre um possível racionamento de energia devido à queda nos reservatórios das hidrelétricas -o governo negou diversas vezes essa possibilidade.

Para garantir o abastecimento, a saída foi lançar mão da energia fornecida pelas termoelétricas, muito mais caras. Foi justamente pelo uso das térmicas que o mercado passou a estimar uma redução menor no percentual da tarifa prometida por Dilma em setembro de 2012.Para ela, as térmicas são acionadas todos os anos, em menor ou maior grau, para garantir com tranquilidade o suprimento de energia.

ATAQUE - No último dia 14, Dilma Rousseff sancionou a lei autorizando a renovação dos contratos de geração de energia que estavam por vencer para as companhias que aceitassem reduzir suas tarifas. A medida partiu da avaliação de que muitas empresas já havia amortizado seus investimentos, mas cobravam uma conta mais cara.

Como companhias como Cemig (MG) e Cesp (SP) não aderiram, o Tesouro teve de arcar com o ônus para cumprir a promessa de redução média de 20% no país.Ontem, nem a Aneel nem o Tesouro explicaram se haverá impacto fiscal com o corte adicional da tarifa.

A presidente usou o pronunciamento também para atacar os opositores, em especial os que criticam a política econômica do governo baseada em distribuição de renda e redução de juros. Para Dilma, os que tentavam "amedrontar" os brasileiros "erraram feio". "O Brasil está cada vez maior e imune de ser atingido por previsões alarmistas." Com um tom quase eleitoral, Dilma se colocou como parte "do time vencedor" ao responder ao que chamou de "pessimistas". 

Tarifa menor vai 'reindustrializar' o país, diz Fiesp
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) diz que a redução do valor da tarifa de energia elétrica tem a capacidade de ajudar o país a se "reindustrializar". "Para a indústria, energia elétrica tem o mesmo peso que o câmbio e a taxa de juros. A valorização do câmbio e a redução da Selic, somadas à queda da tarifa de energia, vão ajudar a reindustrializar o país", afirma Carlos Antônio Cavalcanti, diretor de infraestrutura da Fiesp. Durante muito tempo, a Fiesp defendeu a realização de leilões para todas usinas e linhas de transmissão cujos contratos venceriam entre 2013 e 2015. A decisão do governo de renovar as concessões aplicando um arrocho tarifário sobre as elétricas agradou à Fiesp.

CHECAGEM -Representante de grandes consumidores industriais, a Anace (Associação Nacional dos Consumidores de Energia) classificou como "maravilhosa" a informação de que o governo pode elevar o desconto na tarifa para além do patamar anunciado. Mesmo assim, a Anace pretende fazer uma checagem nos números do governo, após a aplicação do desconto. A meta é ver se o corte tarifário atingiu, de fato, o patamar prometido. "Vamos pedir uma reunião com a Superintendência de Regulação Econômica da Aneel para entender os cálculos. Queremos ver se houve de fato toda essa redução", diz Lúcio Reis, diretor da Anace. (Folha de S. Paulo)

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