quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Governo quer fiscalização mais rígida nas empresas de energia

O governo vai rever procedimen­tos e aprimorar a fiscalização das subestações do sistema de transmissão de energia elétrica para evitar que apagões como os que atingiram o País nos últimos quatro meses do ano voltem a ocorrer. As mudanças, resultado da operação pente-fino, vão dei­xar mais claras as responsabilidades das empresas e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), cobrar relatórios mais objetivos, resolver problemas de comunicação entre os siste­mas das companhias e exigir equipes 24 horas por dia nas su­bestações mais importantes.

"Verificar da forma como fa­zíamos não impediu que houves­se um problema no sistema. En­tão, vamos incluir determinadas rotinas no processo de fiscaliza­ção", afirmou o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elé­trica (Aneel), Nelson Hubner. 

Tanto as companhias quanto o ONS terão de enviar relatórios regulares à Aneel com informa­ções detalhadas sobre a forma co­mo as subestações e linhas são mantidas. Segundo o diretor-ge­ral da Aneel, o objetivo é dar mais inteligência à fiscalização, com relatórios mais objetivos. 

Falhas. Os primeiros resulta­dos da operação pente-fino no setor de transmissão de energia elétrica após os apagões dos me­ses de setembro e outubro apon­tam para uma falha de comunica­ção entre os sistemas de prote­ção utilizados por diferentes companhias. "Todas as ocorrên­cias recentes que tivemos foram por problemas de proteção", ad­mitiu Hubner. 

As falhas na chamada interope­rabilidade dos sistemas aconte­ceram porque algumas subesta­ções chegam a receber linhas de até sete empresas. Cada compa­nhia escolhe equipamentos de fabricantes diferentes, e houve conflitos de informação entre os ; softwares. Assim, quando um problema ocorria em uma subes­tação, em vez de ser isolado, ele se propagava para outras linhas. "É algo sanável e que está sendo resolvido", afirmou o diretor da Aneel André Pepitone. 

A maioria das subestações e li­nhas de transmissão não possuía um sistema de proteção até 2009, quando houve o apagão em Itaipu. Atualmente, todas . possuem e, agora, haverá ajus­tes. "Por isso, estamos verifi­cando todas as instalações e avaliando a interoperabilida­de desses sistemas para fazer com que eles funcionem co­mo de fato se propõe a funcionar", explicou Pepitone. 

Outra constatação da ope­ração pente-fino foi que algu­mas atividades deixaram de ser feitas porque os procedi­mentos de rede não deixavam claro se a atribuição era das concessionárias ou do ONS. Segundo Hubner, esses proce­dimentos serão revistos para diferenciar uma proteção sis­têmica - responsabilidade do 

ONS - de uma proteção sim­ples - incumbência das em­presas. O governo também vai pas­sar a exigir das concessioná­rias que tenham equipes 24 horas por dia nas instalações prioritárias. Segundo Hub­ner, como algumas subesta­ções operam linhas de até se­te empresas diferentes, há companhias que optam por fa­zer um monitoramento teleassistido. 

"Temos duas alternativas: ou as concessionárias entram num acordo e colocam uma equipe responsável por tudo e repartem os custos operacio­nais, ou colocam uma equipe própria", afirmou. (O Estado de S. Paulo)
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