terça-feira, 18 de dezembro de 2012

'É preciso equilíbrio no preço da tarifa'

BRASÍLIA - O economista-chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, que está no Brasil para avaliar o potencial energético do país, disse ao GLOBO que é preciso encontrar um equilíbrio nas tarifas de energia, para que estas, ao mesmo tempo, estimulem a economia e incentivem novos investimentos. Em 2013, o Brasil atrairá os olhares do mundo, ao ganhar uma análise profunda da AIE, como ocorreu com o Iraque neste ano e com a Rússia em 2011. 

O governo quer reduzir as tarifas de energia elétrica, que são altas, para aumentar a competitividade da economia, mas isso afeta os investimentos das empresas. Como o senhor vê isso? 

Se os preços caem, isso dá mais fôlego e competitividade para a indústria brasileira. Mas tem de haver equilíbrio, porque o mercado brasileiro está em expansão. O país precisa de novas usinas geradoras, porque a economia está crescendo. Isso exige também investimentos, por isso os preços da energia elétrica precisam estar em um certo nível. Prevemos que o Brasil precisará de cerca de US$ 20 bilhões por ano para fazer frente a esse crescimento. Portanto, é preciso achar equilíbrio no preço da tarifa. 

O Brasil está perdendo oportunidades ao retardar a exploração do pré-sal? 

Em poucos anos, o Brasil passará de importador de petróleo a exportador, mas o dia histórico em que isso vai ocorrer, dependerá do ritmo de investimentos no país. O Brasil precisa de investimentos da ordem de US$ 50 bilhões para o setor de petróleo e gás. As fontes e as tecnologias estão lá, mas faltam investimentos para que, de fato, por volta de 2015, possamos ver o Brasil se tornar autossuficiente e exportador. 

As descobertas de gás de xisto nos EUA e em outros países não reduzirão o interesse do mundo no petróleo do pré-sal? 

Cada gota das exportações de petróleo do Brasil será necessária, especialmente em países como China e Índia. É diferente da situação do gás de xisto, em que o preço é fundamental. A produção do Brasil será rentável. Mas há muito ainda a ser feito, como logística, combate a atrasos e atração de investimentos. (O Globo)

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