quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Analistas temem que receita menor leve à piora no serviço

Embora o discurso do governo ainda seja otimista, analistas e grandes consumidores de energia não ficaram tão satisfeitos com o resultado do programa para redução do custo da energia elétrica. Alguns especialistas temem que a renovação das concessões do setor comprometam a qualidade do serviço por causa da redução do faturamento das empresas, o que pode intensificar apagões pelo país. Representantes dos consumidores não gostaram dos resultados, mas avaliam que há espaço para futuras reduções. 

- O resultado não é bom, mas tampouco é uma tragédia. As grandes indústrias que compram energia no mercado livre terão redução em sua conta muito menor do que o previsto pelo governo, mas muita coisa ainda pode ser alterada nesta Medida Provisória e, o mais importante, houve uma mudança de postura do governo, que agora entende que atacar o alto preço da energia é fundamental para a competitividade do país e temos espaço para outras alterações no futuro - afirma Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace). 

O professor Luiz Pinguelli Rosa, da Coppe/UFRJ, acredita que o resultado final deste esforço do governo foi ruim. Segundo ele, todo o pacote para redução dos preços da energia foi feito sem planejamento, e os impactos poderão ser graves no futuro. 

- A energia elétrica é muito séria para ficar nas mãos de economistas e advogados. Não se levou em conta o valor que as empresas precisam para manter a qualidade do sistema. Podemos perder muito, inclusive conhecimento histórico, se as empresas, por causa do menor faturamento que terão, em alguns casos 70% inferiores, abrirem mão de seus setores de engenharia - disse. 

Ildo Sauer, professor da USP, é ainda mais radical em sua análise. Além de considerar a iniciativa do governo inócua - aumentos previstos nos próximos anos vão absorver toda a redução da tarifa obtida com esta MP -, ele acredita que a prorrogação das concessões não afeta o problema central do elevado custo da energia no Brasil: contratos feitos desde os anos 90 que garantem retornos extraordinários de até 20% para algumas empresas, o que encarece todo o sistema: 
- A presidente Dilma Rousseff está fazendo uma "argentinização" do setor. É algo criminoso, não resolve, utiliza de forma indevida os recursos de Itaipu para pagar estas indenizações e ainda vai gerar uma série de ações judiciais. (O Globo)

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