quinta-feira, 8 de novembro de 2012

MP da energia aumenta competitividade do país

O empresário Jorge Gerdau, presidente do conselho administrativo do grupo Gerdau, defendeu ontem, em audiência pública, a Medida Provisória 579, que reduz os encargos sobre a energia elétrica e prorroga as concessões do setor que venceriam até 2017.  "Nós precisamos atingir com essa medida fantástica, que foi construída pelo governo, um caminho de correção para a indústria", declarou o empresário.  O objetivo do governo é reduzir o custo da energia elétrica retirando tributos federais e negociando com as empresas uma diminuição dos preços cobrados por elas, em troca da renovação dos contratos de concessão, que, pela lei atual, se encerrariam a partir de 2015. 

Gerdau é também conselheiro do Instituto Aço Brasil, que reúne dados do setor, um dos principais consumidores de energia dentre os segmentos industriais. Na audiência pública, o empresário apresentou um gráfico mostrando que, dos 14 países que abrigam 49 usinas do grupo, a tarifa da energia cobrada pelo Brasil é a mais cara. "Cada país tem sua vocação, e o Brasil indiscutivelmente tem uma vocação energética única. Nenhum país do mundo tem 80% de energia gerada em usina hidrelétrica. O Brasil tem que aproveitar aquilo que tem de potencialidade", afirmou o empresário. Ao todo, a MP 579 recebeu 483 emendas. Cabe ao relator, senador Romero Jucá (PMDB-RN), acatá-las ou não em seu parecer.

Governo está equivocado em críticas, diz analista 
Os analistas do setor de energia rebateram ontem as críticas feitas pelo ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, de que "erraram" na avaliação das empresas do setor. O ministro afirmou que os analistas deram como certo, ao estabelecer preços para as ações, que o governo iria renovar as concessões do setor elétrico sem alterar tarifas. Segundo Lucy Sousa, presidente nacional da Apimec (associação dos analistas do mercado), a renovação das concessões estava colocada desde o fracasso da privatização da Cesp, em 2008. Ela afirma que houve uma mudança significativa no marco regulatório, que frustrou as expectativas que os analistas tinham antes para o setor elétrico. "É um equívoco o governo dizer que os analistas não conhecem o setor. Apesar de saber que alguma coisa aconteceria, era um setor muito recomendado, visto como defensivo e bom para investir. A MP lançada realmente surpreendeu os analistas, que conhecem o setor e o marco regulatório", disse. 

PAPÉIS EM QUEDA - Desde o dia 28 de agosto, quando se intensificaram as dúvidas sobre os moldes do pacote, papéis da Cesp recuaram 54%, e os da Cemig, 38%. Já os da Eletrobras acumularam desvalorização de 28% nesse período. A presidente da Apimec nacional reconhece que, quando alguns analistas se debruçaram para entender a mudança, talvez tenham sido excessivamente críticos e pessimistas. Ela sugere que o governo repita o que fez em 2003, quando mexeu no modelo energético, e chame os analistas para escutá-los e explicar a mudança. "A presidente Dilma era ministra na época. Nada como uma conversa, uma explicação, para acalmar o mercado", disse. (Folha de S. Paulo)

Leia também:
Dilma faz força-tarefa para renovar usinas da Cemig
Dilma rejeita mudanças na MP do setor elétrico
Indenização e tarifas para as usinas da CHESF
Grupo Eletrobras pode precisar de ajuda do Tesouro
Frente pede a TCU que não vete devolução de cobrança indevida