Crescem as expectativas de que o próprio governo federal tenha de socorrer a Eletrobras, após colocar a saúde financeira da estatal em risco com a Medida Provisória 579, que trata da renovação das concessões no setor elétrico. Em encontro realizado ontem com investidores, Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), admitiu a possibilidade de que Eletrobras tenha de receber aportes do Tesouro Nacional, segundo escreveu o analista do J. Safra, Sergio Tamashiro.
A empresa de classificação de risco Fitch também informou ontem que poderá baixar a nota da Eletrobras se não houver aportes por parte do governo. Em seu relatório, a Fitch afirma que a indenização de R$ 14 bilhões a ser recebida pela estatal não será suficiente para compensar o novo patamar de tarifas, que deve resultar em Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) próximo a zero ou até mesmo negativo. A capacidade de pagamento da estatal, que possui uma dívida líquida de R$ 32 bilhões, deve ser pressionada.
A Fitch ressalta que a Eletrobras não deve enfrentar restrições de liquidez nos próximos cinco anos, já que seus vencem no longo prazo. O que preocupa, no entanto, é a utilização da companhia como instrumento no projeto desenvolvimentista do governo. Nesse sentido, os analistas da agência acreditam que o governo terá que injetar dinheiro na empresa.
"Um apoio direto significativo do governo na forma de aportes de capital e acesso a financiamentos por meio de bancos de fomento vão desempenhar um papel importante na mitigação do risco", ressaltam os analistas.
Em encontro com investidores, Tomalsquim sugeriu, porém, que o aporte do governo na Eletrobras seria um "último recurso", escreveu o analista do J. Safra. Um dos braços do governo de política energética, a EPE participou da definição das indenizações às quais as elétricas terão direito.
Para tentar evitar a necessidade de usar recursos do Tesouro, Tolmasquim lembrou que a Eletrobras terá de implementar um programa de forte redução dos custos. Também deve ajudar na estrutura de capital da companhia, segundo o presidente, o reembolso de quase R$ 14 bilhões que ela receberá. Procurados, porta-vozes da EPE não foram localizados. (Valor Econômico)
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