A distribuidora de energia AES Eletropaulo, que atende a capital paulista, entre outros municípios, demitiu 372 funcionários em setembro e outubro e eliminou 68 posições hierárquicas. As medidas fazem parte do plano de reestruturação desenhado pela empresa para reduzir custos, após o corte de 3,25% nas tarifas imposto pela Agência Nacional de Energia (Aneel), em julho.
A meta da distribuidora é obter uma economia de R$ 100 milhões por ano com o plano de reestruturação, que consumiu R$ 34 milhões no terceiro trimestre. Os gastos contribuíram para piorar os resultados da companhia, que vieram abaixo das expectativas de alguns analistas. As ações da empresa caíram ontem 4,3%, para R$ 15,59, figurando em terceiro lugar entre as maiores quedas do índice Ibovespa - só ficaram atrás da MMX e OGX.
O presidente do AES no Brasil, Britaldo Soares, afirmou ontem, em teleconferência com analista, que a Eletropaulo entrou com um recurso administrativo da Aneel, no qual questiona os critérios utilizados na sua revisão tarifária. Uma das queixas foi a exclusão de R$ 728 milhões em cabos do rol de ativos da distribuidora estabelecido em 2003 (base blindada). Soares espera que o processo na Aneel seja concluído em julho de 2013, quando a empresa passará pelo reajuste tarifário anual.
Os resultados da Eletropaulo no terceiro trimestre mostram a difícil situação financeira em que a companhia se encontra, depois do corte de tarifas. Seu lucro líquido despencou para R$ 14 milhões, cifra 96,1% menor que a obtida no terceiro trimestre de 2011. A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro ante dos juros, impostos, depreciação e amortização) também encolheu para R$ 108 milhões, com uma queda de 83% sobre igual período do ano passado.
Para o analista do banco Credit Suisse, Vinícius Canheu, o novo patamar de lucro operacional da Eletropaulo, após a redução das tarifas, pode levar a companhia a estourar as cláusulas de limitação de endividamento ("covenants") presentes nos contratos de debêntures e empréstimos. A Eletropaulo dependerá de um forte corte de custos para não estourar as cláusulas. "A previsão de uma economia de R$ 100 milhões em 2013 pode não ser suficiente para o cumprimento dos "covenants" em um cenário de baixa geração de caixa", ressaltou o analista do Credit Suisse.
A sua expectativa é que a relação dívida líquida/ Ebitda da distribuidora ficará em 4,2 vezes no fim do ano, enquanto os "covenants" das dívidas apontam para uma relação de apenas 3,5 vezes. A previsão leva em conta a nova estimativa do Credit Suisse para o Ebitda da Eletropaulo, que passou de R$ 850 milhões para R$ 740 milhões ao ano, após o resultado do terceiro trimestre.(Valor Econômico)
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