A MP 579 vai impor queda da rentabilidade das concessionárias e menor tarifa para os consumidores. Para diminuir a conta de luz em até 28%, o governo estabeleceu taxa de retorno de cerca de 10% para as concessionárias e tarifas de geração, em média, 73% menores que as atuais.
Segundo cálculos da Abiape (Associação Brasileira de Investidores em Auto Produção de Energia), a tarifa média das usinas hidrelétricas baixará dos atuais R$ 85 para R$ 23 por MWh (megawatt-hora).
Para Gabriel Laera, do BES Securities, a mudança é uma quebra de expectativa e não de contrato. "O governo sempre teve o poder de renovar as concessões."
O analista do BES diz que criticar as novas regras, após a amortização dos investimentos nas usinas, "é tão absurdo quanto processar o banco porque a rentabilidade de um fundo caiu com a queda da Selic". Para Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros, as concessionárias precisam se adaptar a esse novo cenário. "A rentabilidade delas vai cair."
Elétricas perdem 28% do valor na Bolsa
A proposta para a renovação das concessões do setor elétrico derrubou o valor das empresas mais afetadas em 27,5% desde 11 de setembro, data da assinatura da Medida Provisória sobre o tema. Nesse período, o valor de mercado das principais elétricas com concessões a vencer entre 2015 e 2017 (Eletrobras, Cemig, Cesp, Copel e Cteep) passou de R$ 67,9 bilhões para R$ 49,3 bilhões, segundo a Economatica.
Se o investidor tem essas ações em carteira não é hora de se desfazer delas, afirmam analistas do setor. E para quem pensa em aproveitar a queda dos papéis dessas companhias com o objetivo de "comprar na baixa" e lucrar no curto prazo, a recomendação é ter cautela.
Na avaliação de especialistas, o melhor a fazer é esperar até que as concessionárias decidam se vão aderir à renovação antecipada das concessões de acordo com as novas regras estabelecidas pelo governo federal. Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros, diz que, para quem teve sangue frio e aguentou até agora, o pior já passou. "E quem ainda não entrou é melhor ficar fora", afirma.
Para Ari Santos, gerente da Commcor DTVM, as elétricas perderam a posição de "queridinhas" da Bolsa. "É melhor esperar até o fim do ano. As empresas podem não assinar os contratos [têm até 4 de dezembro para fazê-lo]. Quem vender as ações agora vai assumir prejuízo."
QUEDA LIVRE - Desde a assinatura da MP, as ações das elétricas caíram até 42% na Bovespa -caso da ação preferencial da Cesp. Os investidores reagem às exigências impostas pelo governo para renovar as concessões: a redução das tarifas a partir de 2013 e o valor das indenizações que serão pagas por ativos não amortizados -abaixo do estimado pelas empresas e por analistas.
"Ninguém achava que o governo iria decidir mudar as regras do jogo", diz Gabriel Laera, analista do setor de energia do BES Securities, sobre o governo ter decidido não renovar automaticamente as concessões pelos mesmos valores, como em 1995.
REAVALIAÇÃO - Para Laera, o momento é de reavaliar as ações das empresas. "Essa nova referência é o que vai balizar o setor. Não houve perda, houve a constatação de que aquele valor anterior não existe mais." Apesar dos protestos das companhias, o analista do BES acredita que Cesp, Cemig e Copel aceitem a renovação das concessões.
Relatórios do analista apontam a Cesp como a mais prejudicada pelo novo cenário. Ele estima um "preço justo" para as ações da companhia em R$ 13 -abaixo do valor de fechamento do papel na última sexta-feira: R$ 16. Segundo seus cálculos, o "valor justo" das ações da Cemig seria de R$ 26 -acima dos atuais R$ 22,95- e o da Copel, R$ 33 -ante R$ 27,18. (Folha de S. Paulo)
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