terça-feira, 9 de outubro de 2012

Empresas questionam regras para concessão do setor elétrico

Faltando menos de uma semana para acabar o prazo no qual as empresas de eletricidade devem manifestar interesse em renovar ou não as concessões que vencem entre 2015 e 2017, representantes do setor ainda reclamam da falta de informações a respeito das novas tarifas e das indenizações a que terão direito a partir do ano que vem. O prazo para que os concessionários entreguem os pedidos de extensão dos contratos à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acaba na próxima segunda-feira, com as condições dessa renovação ainda "no escuro".

Além disso, os contratos - que serão assinados de fato em até 30 dias após a divulgação dos valores de indenização dos ativos e descontos nas tarifas - dependerão da aprovação da Medida Provisória 579, que ainda nem começou a tramitar no Congresso. Ou seja, a pressa do governo em fazer com que as companhias do setor aceitem as novas regras cria um ambiente de grande insegurança jurídica, porque, se a MP não for votada dentro do prazo e perder a validade, esses documentos simplesmente perderão seu propósito e, consequentemente, seu valor legal.

O próprio secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, admitiu que o governo terá de fazer uma malabarismo jurídico na preparação desses contratos, deixando em aberto a possibilidade de atualização a depender do que aconteça com a MP nas mãos dos parlamentares. Para o empresariado, porém, essa insegurança se torna ainda maior por causa da tradicional demora da Justiça em analisar eventuais recursos, o que na prática obrigaria as empresas a assinarem contratos para depois "torcerem por ter a menor quantidade de novas surpresas possível".

O presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Macorin Vivan, afirmou que as empresas ainda não possuem informações suficientes para tomar uma decisão. Ele também criticou a postura do governo, que ameaça barrar as companhias que não quiserem renovar as concessões neste ano de participar dos leilões que poderão ser feitos entre 2015 e 2017.

"Não nos parece correto, razoável ou legal proibir o atual concessionário de participar de uma licitação no futuro. Proibir quem conhece e opera de participar de uma licitação em condições de igualdade é algo que pode ser questionado, pois viola a isonomia", afirmou.

O presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, classificou como "absurdo" o fato de o governo querer que as empresas se manifestem sobre o assunto até 15 de outubro, sem saber os termos de assinatura do contrato, que só serão conhecidos em novembro, e antes que a MP 579 seja apreciada pelo Congresso. (O Estado de S.Paul).
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