As condições impostas pelo governo para a renovação das concessões de usinas e linhas de transmissão, por meio da Medida Provisória 579, vão acelerar uma necessária reestruturação em empresas estatais, que detêm a maioria desses ativos. Essa é, ao menos, a opinião do diretor de Engenharia da Chesf, José Aílton de Lima, que conversou sobre o tema com o Jornal da Energia.
"Tem um impacto grande na Chesf. Mas a primeira avaliação que tenho para fazer é que a Chesf precisava, como todas empresas do Grupo Eletrobras, fazer ajustes e melhorias em seus processos para ter uma melhor eficiência. Isso já era necessário e a MP é apenas um acelerador", analisa Lima.
A subsidiária da Eletrobras no Nordeste é a empresa mais afetada pelas ações do governo, uma vez que possui cerca de 9,2GW em usinas cuja concessão será prorrogada com tarifas menores que as atuais e algo próximo de 16 mil km em linhas de transmissão na mesma situação.
Assim, o diretor de Engenharia prevê que a Chesf "atravessará provavelmente um ano de 2013 com alguma dificuldade", o que também pode acontecer em 2014 - anos em que os balanços podem até fechar no vermelho. "Mas a gente rapidamente recupera e volta a dar lucro e ser a empresa que sempre fomos. Não vejo isso como o fim do mundo".
O que Lima pondera é que a situação da estatal dependerá muito das indenizações que ela tiver a receber por ativos que sejam considerados ainda não totalmente depreciados. O governo ainda não divulgou esses números, que devem ficar na casa dos bilhões. "Quanto maior a indenização, mais rápida será a recuperação da Chesf. Se for muito baixa, vai levar mais tempo. Mas não é nada insuperável", minimiza o diretor.
Ele prevê, no entanto, que deve haver "alguma disputa" em cima dos números das indenizações. "Provavelmente chegaremos com valores maiores do que os que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem. E deverá haver um processo racional de negociação".
Lima, no entanto, reitera que a empresa só precisará "passar por reajustes que já deviam ter sido feitos, mas, por diversos motivos, não foram". Ele, inclusive, aponta que a própria holding Eletrobras "não é um exemplo de eficiência e está lá cheia de gente".
Nesse caminho, uma das subsidiárias da estatal, Furnas, já acenou com um plano de reestruturação que tem apoio do Banco Mundial. Pelas previsões, a empresa deve reduzir a mão de obra em 35%, passando de 6.401 empregados para 4.174 em meados de 2013. (Jornal da Energia)
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