Desta vez, o vilão não foi o cenário econômico conturbado. Foram as medidas anunciadas pelo governo para o setor elétrico a razão do novo adiamento da oferta inicial de ações da CPFL Renováveis, afirma ao Valor fonte próxima à operação.
A companhia decidiu segurar a estreia de seus papéis na bolsa por causa das incertezas geradas pelo caminho escolhido pelo governo para cortar as tarifas de energia. Anunciada há duas semanas, a redução tarifária virá da desoneração fiscal e também da redução de preços, o que pode afetar a rentabilidade do setor.
As ações das elétricas foram castigadas. Os investidores ficaram receosos com ao setor, até então considerado um porto-seguro devido a seu grau de previsibilidade relativamente elevado. Analistas ainda estão refazendo suas avaliações para os papéis das empresas de energia diante das novas regras.
Enfrentar o mercado nessas condições seria arriscado e, sobretudo, poderia prejudicar a definição do preço de emissão das ações da CPFL Renováveis, segundo fontes envolvidas no processo. Procurada pelo Valor, a empresa não comentou o assunto.
É a segunda vez que a companhia posterga sua oferta. A ideia inicial era fechar o preço dos papéis em junho, mas o processo foi suspenso porque o humor do mercado estava ruim em decorrência da crise europeia.
A CPFL Renováveis pretende levantar cerca de US$ 800 milhões na bolsa, entre recursos para seu próprio caixa e para os acionistas. A empresa é controlada pela CPFL e por fundos de investimento.
O novo adiamento é mais um balde de água fria em um mercado que tem se mostrado extremamente difícil para as ofertas de ações neste ano. Desde janeiro, apenas oito empresas fizeram captações na bolsa brasileira, movimentando R$ 10,4 bilhões.
A maior parte desse valor, no entanto, refere-se a ofertas subsequentes - ou seja, feitas por companhias cujas ações já são negociadas na Bovespa. Esse tipo de operação é mais fácil de emplacar, mesmo num ambiente adverso, por se tratar de empresas já conhecidas dos investidores e com preço de mercado definido.
Na fila para fazer ofertas iniciais de ações, estão a rede de farmácias Pague Menos e a Autobrasil, holding que reúne o negócio de veículos usados de 11 concessionárias. A Alupar, também de energia, contratou dois bancos para estruturar sua ida à bolsa, mas os preparativos ainda estão em estágio inicial. (Valor Econômico)
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