As reservas de petróleo, os grandes rios que impulsionam a produção hidrelétrica e a privilegiada condição eólica colocam o Brasil em posição de destaque global quando o assunto é matriz energética. Sob a perspectiva de sustentabilidade, o cenário também é muito favorável para o país, que apresenta ótimas condições para tornar a energia eólica o parceiro ideal para seus esforços em direção a fontes energéticas renováveis. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética, o país atingiu 1.432 MW de energia eólica em 2011, devendo totalizar 3.241 MW em 2012, como reflexo dos incentivos governamentais na produção e na instalação de turbinas. A ampliação desta oferta é destacada pelo Global Wind Energy Council (GWEC), fórum global para o setor de energia eólica.
Segundo o órgão, o país terá 6.041 MW de capacidade eólica instalada, em 2019. Interessante observar que assim como a infraestrutura e os combustíveis fósseis pressionam as regras do mercado de energia do mundo, a dependência hidrelétrica dita as perspectivas para a energia eólica no Brasil. E é neste cenário que o GWEC chama atenção para o fato de hidro e vento serem parceiros perfeitos para o país. Na estação de seca, a geração eólica atuaria no fornecimento de energia de reserva, sem expor o mercado para fontes não renováveis.
O custo da energia também é outro fator decisório. Globalmente, o custo para energia eólica operada em terra apresentou uma queda de 14% para cada duplicação de capacidade instalada. Tanto os preços reduzidos das turbinas quanto os menores custos de manutenção e operação contribuíram para essa redução, assim como a maior eficiência de produção por meio de designs mais avançados, lâminas largas e hubs mais altos.
Já no Brasil, os preços de geração de energia eólica caíram drasticamente, alcançando R$ 99 por MWh, um dos menores no cenário global em 2011. Com esse preço, ela ultrapassou os projetos de energia a gás e deve atrair mais companhias ecologicamente conscientes. A perspectiva econômica, inclusive, é o principal motivo pelo qual as companhias investem em energia renovável, conforme apontou o Global Corporate Renewable Index, levantamento realizado com 389 empresas de 26 países.
Mais da metade das empresas brasileiras reconheceram que seus investimentos em energia renovável estão baseados puramente em razões econômicas. No entanto, embora as políticas governamentais estejam relacionadas ao sucesso da energia eólica no Brasil, a consciência ambiental dos consumidores também exerce sua parcela de influência, principalmente se considerarmos o forte debate sobre desenvolvimento sustentável.
De acordo com o Global Consumer Wind Study (GCWS), 94% dos consumidores brasileiros acham que a energia renovável é uma boa solução para mitigar as mudanças climáticas. Ao pensar no futuro, a boa notícia é que a energia eólica alia custo atrativo, sustentabilidade e excelente aceitação do governo, das empresas e do consumidor. O Brasil já está avançando nesta linha e a energia eólica deve garantir seu espaço na próxima década. Marcelo Hutschinski - Diretor de vendas da Vestas (Brasil Econômico)
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