sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Eólica recebe 637 novos projetos para leilão

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) confirmou ontem que recebeu o cadastro de 637 projetos de parques eólicos para participação nos leilões de energia A-3 e A-5, marcados para outubro deste ano. A informação foi dada pelo diretor de estudos de energia elétrica, Miranda Farias, após participar de palestra no Brazil Windpower, no Rio de Janeiro. “Os projetos estão em fase de habilitação técnica”, explicou Miranda, acrescentando que as interessadas têm que apresentar as medições dos ventos, a certificação desta medição, além de licença ambiental prévia e o direito para usar os terrenos em que pretendem construir os parques. 


O executivo não deu detalhes sobre a distribuição dos empreendimentos, mas adiantou que a maior parte está localizada no Nordeste, seguido da região Sul. Apesar de já ser realidade no Brasil, a energia eólica ainda tem muitos desafios pela frente. Esta foi a conclusão dos participantes do debate. 

Dentre os principais problemas citados está a medição dos ventos, ainda feita pelos empreendedores, pois o tempo de cerca de dois anos é escasso e impossibilita sinalizar a possibilidade de diminuição na geração de energia no longo prazo. Com isso, a entrada das eólicas no MRE (Mecanismo de Realocação de Energia) não foi recomendada. “A falta de medição leva a in-certezas, o que não acontece nas hidrelétricas, que têm um tempo de medição mais longo”, disse Mario Veiga, presidente da consultoria PSR. 

Para ele, a aferição deveria ser feita por centros de excelência das universidades. “Isso traria isenção e possibilitaria a pesquisa”, explicou, acrescentando que manutenção e durabilidade dos equipamentos também serão dificuldades enfrentadas pelos empreendedores. Outro problema apresentado foi a falta de reservatórios de energia, o que aumenta a importância dos parques eólicos. “Na Alemanha, são ligadas termelétricas quando há falta de vento. 

No Brasil, quem faz este papel são os reservatórios das hidrelétricas. Só que, de um tempo para cá, por pressões ambientais, não estão sendo construídos. Só são licitadas usinas hidrelétricas sem reservatórios, como é o caso de Belo Monte e as duas usinas do Rio Madeira, Santo Antônio e Girau”, explica Miranda. 

O atraso na entrega das linhas de transmissão também foi criticado durante o evento. Jerson Kelman, ex-presidente da Light, citou o complexo eólico do Alto Sertão I, maior da América Latina, pois, apesar de já ter sido inaugurado, o escoa-mento de sua energia ainda não é feito, devido à ausência de linhas de transmissão. “Elas (linhas de transmissão) deveriam ter licença ambiental prévia ao leilão”, defendeu Kelman. Miranda Farias acenou a possibilidade da criação de um banco de dados que seria responsável por analisar previamente as potenciais regiões para projetos eólicos, evitando problemas na licitação de suas linhas. (Brasil Econômico)

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