quinta-feira, 26 de julho de 2012

Rede poderá vender nove empresas distribuidoras de energia do país

A venda de nove distribuidoras de energia com 4,9 milhões de consumidores, em sete Estados numa área que abrange 34% de todo território nacional, deverá ser a saída para as dificuldades financeiras do grupo nacional Rede Energia. A Celpa, distribuidora de energia elétrica do Pará, que está em recuperação judicial, será a primeira. Já está praticamente certo que a companhia será adquirida pelo grupo privado Equatorial Energia.

Segundo fontes do setor, a venda da Celpa não solucionará os graves problemas financeiros do grupo que, em abril deste ano, estava com um endividamento total de R$ 6,9 bilhões, dos quais R$ 1,9 bilhão são da Celpa. Segundo fontes do setor, os sócios controladores da Rede pretendem fazer a venda em bloco de todas as empresas, mas não apenas para um único investidor. Procurada, a Rede Energia não se pronunciou.

- A Rede Energia já está na prateleira. Todos os grupos de energia do Brasil, o que inclui ainda companhias estrangeiras, estão olhando e fazendo contas - disse um analista que acompanha o setor. No dia 9 de agosto será realizada a primeira reunião da massa falida da Celpa com os credores, já com a participação da Equatorial.

Eletrobras não vai assumir o controle da distribuidora
A Eletrobras, que tem 34% do capital da Celpa, já deixou claro que não pretende assumir o controle da companhia.
Fontes do setor explicaram que as dificuldades do grupo têm origem em falhas de gestão. As distribuidoras compraram mais energia do que o necessário. Além disso, segundo fontes, o grupo teve um programa agressivo de pagamento de dividendos das distribuidoras para a holding.

- Há duas questões. A empresa gasta mais para entregar a energia. Além disso, não consegue lidar com o roubo de energia. Com isso, o nível de inadimplência se mantém elevado e a companhia não consegue reduzir seus gastos. A Rede está muito endividada, com fluxo de caixa negativo. Por isso, a solução é vender ativos -diz Ricardo Corrêa, analista-chefe da Ativa.

Além da Celpa no Pará, o grupo tem outras distribuidoras nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Tocantins. O grupo controla a usina hidrelétrica de Guaporé, de 1.242 megawatts (MW) no Mato Grosso, e uma comercializadora de energia. A Rede tem receita anual média de R$ 111,1 bilhões.

O coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), do Instituto de Economia da UFRJ, Nivalde de Castro, disse que o setor elétrico é bem estruturado em bases sólidas e terá como superar o problema da Rede energia.

- Os problemas do grupo são simples de serem resolvidos . Em último caso, a Aneel pode cassar a concessão, impor interventor e fazer nova licitação - afirmou Castro. O professor destacou que o problema de curto prazo é a queda na qualidade dos serviços e esse pode se reverter rapidamente. Segundo um analista, o ideal é que a companhia vá para as mãos da iniciativa privada, para melhorar os níveis operacionais da empresa.