O Brasil deve economizar R$ 502,8 milhões em energia elétrica neste ano, mas, para isso, precisa gastar R$ 2,011 bilhões. Acontece que são necessários quatro anos, em média, para que se paguem os investimentos que levamà redução de consumo, o que, naturalmente, se afigurava como um obstáculo para que as empresas - indústrias, comércios, prédios corporativos, órgãos públicos-se decidissem pelas reformas.
Agora, porém, este quadro está mudando, e as companhias já encontram quem queira financiar as despesas necessárias para eliminar os desperdícios: são as firmas especializadas em eficiência energética e os fundos de investimento que apostam na ideia como um bom negócio. Cerca de 40 delas estarão reunidas em São Paulo, nas próximas quarta e quinta-feira, no Congresso Brasileiro de Eficiência Energética, promovido pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco).
Retrofit - O desperdício de energia no país chega perto de 10% da carga total (419.016 GWh), de acordo com estudos do Ministério das Minas e Energia, que, por isso, lançou, no fim do ano passado, o Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf), propondo metas-ainda bastante conservadoras - de redução de consumo: 2.500 GWh.
Com base nessa meta e do preço médio de R$ 200 por MWh, a Abesco fez os cálculos relativos ao tempo necessário para que os investimentos em eficiência energética se paguem: quatro anos. "A redução no consumo - trocando os motores de elevadores, ar condicionado e tipos de lâmpadas - chega facilmente a 30% ou 40%", diz José Starosta, presidente da Abesco.
O processo de "reforma" é chamado de retrofit e, para empresas que não querem por a mão no bolso, a saída é um contrato de desempenho (ou performance).
Nele, a empresa especializada em conservação de energia - chamada de "esco", no mercado- avalia exatamente o tempo de retorno o retrofit. Assim, a companhia contratante continua usando seus equipamentos da mesma forma, mas a economia vai para a esco, amortizando o investimento.
Ao fim do período determinado no contrato, a economia começa a valer para a contratante, o que pode ser uma pequena fortuna para setores que usam muita energia elétrica.
Outros esforços - O governo tem feito outros esforços para evitar ganhar eficiência energética, além de tentar convencer as empresas a substituir seus equipamentos. Uma delas foi proibir a produção e importação de lâmpadas incandescentes com potências de 150W e 200W, que passou a valer no último sábado. A expectativa é que sejam substituídas, gradativamente, por unidades mais eficientes, como as fluorescentes compactas e halógenas (com luz brilhante).
Os estoques podem ser comercializados pelos varejistas até 30 de junho do ano que vem, mesma data em que começa a valer o veto à produção e à importação de lâmpadas de 75W e 100W, cuja comercialização pode prosseguir por um ano. (Brasil Econômico)
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