quinta-feira, 28 de junho de 2012

No mercado livre, economia com energia vai a R$ 1,5 bi em 2 anos

Novo modelo permite redução de até 20% nos gastos, apenas com alteração contratual, mas ainda é pouco conhecido por companhias que demandam menos do que 3 MW/hora, ou R$ 500 mil por mês

As empresas brasileiras podem economizar em energia elétrica R$ 1,5 bilhões até 2014, se for mantido o ritmo de adesões ao Ambiente de Contratação Livre, o mercado livre do setor, que permite economia numa faixa entre 5% e 20%.

A projeção foi feita pela Comerc, uma das companhias mais atuantes em gestão e comercialização no setor, a partir do ritmo médio de adesão (15%), índice de economia médio de 15% em relação ao mercado cativo, valor médio de tarifa de R$ 300/MW/h, gasto médio de 0,4 MW/hora e uma base de potenciais novos clientes de 30 mil unidades - que podem ser, por exemplo, indústrias.

O mercado livre de energia (Ambiente de Contratação Livre) permite às empresas comprar seu suprimento de outros fornecedores, além dos agentes convencionais, num mercado específico, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Os contratos lá negociados se referem a períodos de alguns meses. Essas operações podem ser comparadas às vendas de commodities, como café e boi, feitas na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F): um agente se compromete a entregar a outro o produto, em data definida, por um valor contratado.

A adesão ao ACL não significa que os consumidores precisam instalar novas fiações. A energia chega às portas da companhia da mesma maneira que no regime tradicional, pelas mesmas distribuidoras.

Muda apenas para quem é pago o fornecimento. Isso porque a distribuição de energia elétrica funciona como uma grande represa, gerenciada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão do governo que monitora a geração e a demanda.

O ONS mantém o equilíbrio entre as duas pontas. De acordo com o consumo, o ONS permite maior ou menor fluxo das geradoras para manter o nível da "represa".

Para o consumidor, o fornecimento permanece igual, vindo pelos mesmos "encanamentos".

A única coisa diferente é a instalação de um equipamento, na entrada de sua rede, que mede o consumo de energia e envia os dados on-line para a CCEE. Esta compara, automaticamente, o volume consumido com o contratado.

A instalação da peça custa de R$ 30 mil a R$ 35 mil.
Apesar do potencial de economia que o ACL permite, ele ainda é pouco conhecido por empresas que têm gasto mensal menor do que R$ 500 mil. "Projetar o perfil de consumo e calcular a redução nos gastos leva apenas um minuto. Mas levamos dias para explicar como funciona o sistema, e, principalmente, o quanto ele é seguro, ou seja, que basta fazer a gestão do fornecimento e não há risco de ficar sem energia", conta Cristopher Vlavianos, sócio-diretor da Comerc, que gerencia 402 unidades de consumo pertencentes a 151 empresas.

Setor aposta na adesão de média empresa
Número de participantes no mercado livre deve saltar de 600 para 2 mil neste ano
O mercado livre de energia é um velho conhecido das maiores companhias do país, que gastam mais de 3 MW/hora, ou seja, mais de R$ 500 mil por mês.

A onda de adesões atinge agora as que gastam a partir de 0,5 MW - consumo na casa de R$ 100 mil. "Depois que as gigantes aprovaram, as médias estão entrando", diz Marcio Santana, sócio-diretor da Ecom, líder em gestão e comercialização.

Hoje, há 600 empresas com esse perfil cadastradas na CCEE.
São as consumidoras livres especiais, e seus contratos prevêem fornecimento de energia mais limpa, produzida a partir de biomassa, campos eólicos ou pequenas centrais hidrelétricas. O número, estima Santana, deve chegar a 2.000 neste ano. (Brasil Econômico)

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