Em 2011 foram registrados quatro grandes blecautes no Sistema Interligado Nacional (SIN), ou seja, interrupções com corte de carga maior que 700 MW. Apesar do menor número de ocorrências observadas até o mês de julho se comparado ao mesmo período de 2010, o total da carga interrompida foi 12% maior. Até julho, foram registradas 237 ocorrências equivalentes a uma carga interrompida de aproximadamente 29 mil MW no SEB.
O mês de fevereiro destacou-se pela carga interrompida de 11 mil MW, valor que reflete o apagão ocorrido no subsistema do Nordeste com corte de carga próximo a 8 mil MW e a dois blecautes registrados na cidade de São Paulo, com corte de 1.900 MW, as áreas de concessão da Eletrobras Chesf e da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP).
Diferentemente do apagão ocorrido em 2001, as falhas recentes no fornecimento de energia elétrica não estão relacionados à escassez na geração de energia, mas sim à limitação da qualidade no provimento dos serviços ao consumidor. Os blecautes ocorridos no subsistema do Nordeste e o desligamento das linhas de Itaipu foram resultado de falhas no sistema de transmissão, que vem sofrendo com falta de investimentos, manutenção e modernização. Nota-se que, após o apagão de 2001, as atenções do governo se voltaram para a geração de energia, e as questões transmissão e distribuição foram deixadas em segundo plano.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não tem cumprido eficientemente sua tarefa de fiscalizar e regular os investimentos das concessionárias na conservação das suas linhas de transmissão e distribuição. Outro problema que vem se apresentando é a baixa qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras. O desempenho da qualidade dos serviços prestados pelas distribuidoras de energia elétrica é medido pela Aneel através dos indicadores de Duração Equivalente de Interrupções (DEC) e da Frequência Equivalente de Interrupções (FEC). Em 2009 a queda no fornecimento de energia elétrica ao consumidor brasileiro foi de 19 horas, em média, o maior valor desde 1999. Embora em 2010 o DEC tenha reduzido para 18 horas, o valor permanece alto, considerando o desempenho dos últimos cinco anos.
Para o futuro, além da questão sobre a transmissão e distribuição, outro fator que pode comprometer a robustez do sistema elétrico brasileiro é a forma de operação do SIN, que foi concebida para o gerenciamento de grandes hidrelétricas com reservatórios plurianuais. Entretanto, com a construção de novas usinas a fio d’água, que não possuem regularidade no fornecimento de energia elétrica, a entrada em operação de usinas térmicas será cada vez mais necessária para garantir confiabilidade ao sistema. Outro fator agravante é a entrada na matriz elétrica de novas fontes de energéticas com características sazonais, como é o caso das eólicas e térmicas a biomassa. Desta forma, a operação do sistema deve considerar as peculiaridades dos novos empreendimentos e ser adaptada para a nova realidade da matriz elétrica brasileira. Autor: Adriano Pires Diretor do Centro Brasileiro de InfraEstrutura -CBIE (Brasil Econômico)
Leia também:
* Elétricas escapam de conta de R$ 30 bilhões
* Novas regras para o cálculo do reajuste das tarifas de energia em votação
O mês de fevereiro destacou-se pela carga interrompida de 11 mil MW, valor que reflete o apagão ocorrido no subsistema do Nordeste com corte de carga próximo a 8 mil MW e a dois blecautes registrados na cidade de São Paulo, com corte de 1.900 MW, as áreas de concessão da Eletrobras Chesf e da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP).
Diferentemente do apagão ocorrido em 2001, as falhas recentes no fornecimento de energia elétrica não estão relacionados à escassez na geração de energia, mas sim à limitação da qualidade no provimento dos serviços ao consumidor. Os blecautes ocorridos no subsistema do Nordeste e o desligamento das linhas de Itaipu foram resultado de falhas no sistema de transmissão, que vem sofrendo com falta de investimentos, manutenção e modernização. Nota-se que, após o apagão de 2001, as atenções do governo se voltaram para a geração de energia, e as questões transmissão e distribuição foram deixadas em segundo plano.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não tem cumprido eficientemente sua tarefa de fiscalizar e regular os investimentos das concessionárias na conservação das suas linhas de transmissão e distribuição. Outro problema que vem se apresentando é a baixa qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras. O desempenho da qualidade dos serviços prestados pelas distribuidoras de energia elétrica é medido pela Aneel através dos indicadores de Duração Equivalente de Interrupções (DEC) e da Frequência Equivalente de Interrupções (FEC). Em 2009 a queda no fornecimento de energia elétrica ao consumidor brasileiro foi de 19 horas, em média, o maior valor desde 1999. Embora em 2010 o DEC tenha reduzido para 18 horas, o valor permanece alto, considerando o desempenho dos últimos cinco anos.
Para o futuro, além da questão sobre a transmissão e distribuição, outro fator que pode comprometer a robustez do sistema elétrico brasileiro é a forma de operação do SIN, que foi concebida para o gerenciamento de grandes hidrelétricas com reservatórios plurianuais. Entretanto, com a construção de novas usinas a fio d’água, que não possuem regularidade no fornecimento de energia elétrica, a entrada em operação de usinas térmicas será cada vez mais necessária para garantir confiabilidade ao sistema. Outro fator agravante é a entrada na matriz elétrica de novas fontes de energéticas com características sazonais, como é o caso das eólicas e térmicas a biomassa. Desta forma, a operação do sistema deve considerar as peculiaridades dos novos empreendimentos e ser adaptada para a nova realidade da matriz elétrica brasileira. Autor: Adriano Pires Diretor do Centro Brasileiro de InfraEstrutura -CBIE (Brasil Econômico)
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