Elas possuem a maior dívida em moeda estrangeira, de R$ 94 bilhões, mas isso não significa que todas sofram pela valorização cambial
O estudo da Economatica revelou que o estoque da dívida em moeda estrangeira de 240 empresas brasileiras de capital aberto, sem contar a Petrobras, subiu de R$ 80,3 bilhões em junho para R$ 94 bilhões em 21 de setembro. O motivo foi a variação cambial, que fez com que a dívida subisse R$ 13,72 bilhões. No período, o dólar Ptax-referência para liquidação de contratos cambiais-passou de R$ 1,56 para R$ 1,82.
A variação corrói os ganhos das companhias. Considerando que o lucro antes do pagamento de juro e de imposto de renda (Ebit) se mantenha estável em relação ao do segundo trimestre deste ano, em R$ 25,36 bilhões, mais da metade dele estaria comprometido com o custo financeiro inerente à valorização da moeda americana.
E o setor com maior estoque de dívida em moeda estrangeira é o de energia elétrica. Isso significa que é o mais exposto ao câmbio. Em junho, as dívidas em moeda estrangeira destas companhias equivaliam a R$ 18,6 bilhões, mas passaram a R$ 21,75 bilhões em 21 de setembro, aumento de R$ 3,2 bilhões. No entanto, essa alta representa 42,2% do lucro das empresas.
O analista de investimentos da Planner Corretora, Rafael Andreata, acredita que o resultado foi influenciado pela Eletrobras, segunda companhia com maior exposição à dívida em moeda estrangeira. "Se pegarmos outras empresas do setor, sem contar a Cesp, não acharemos mais do que 6% da dívida em dólar", afirma.
A dívida em moeda estrangeira da Eletrobras passou de R$ 12,9 bilhões em junho para R$ 15,1 bilhões em 21 de setembro. De acordo com a companhia, apesar da alta dívida, a valorização do dólar não impacta seus resultados porque sua receita também é em dólar. "A companhia tem mais a receber na moeda americana do que a pagar", declarou a empresa em comunicado.
Já Andreata diz que a Eletrobras tem US$ 4,2 bilhões em recebíveis referentes à hidrelétrica de Itaipu. "A diferença entre os trimestres de valorização do dólar vai para o resultado da empresa", afirma. Atuando no mesmo segmento, a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) é prejudicada pela valorização cambial, segundo a analista-chefe da Ativa Corretora, Luciana Leocadio.
"Ela tem forte alavancagem sem hedge", diz. O analista da Planner afirma que a Cesp tem um terço da dívida em moeda estrangeira, porém é impedida de usar instrumentos de proteção por uma política de estado, o que ocorre também com a Sabesp. "A Cesp não tem exposição a derivativo, mas acaba tendo resultado volátil, visto o tamanho da exposição dela ao dólar", conclui. (Brasil Econômico)
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