segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Autoprodutores vão se unir em consórcio para utilizar energia eólica

Os baixos preços alcançados pela energia eólica nos últimos certames promovidos pelo governo atraíram a atenção também dos autoprodutores de energia elétrica. Essa categoria, formada por empresas eletrointensivas, como mineradoras e produtoras de alumínio e aço, tem interesse em utilizar essa geração como forma de reduzir os custos e ganhar competitividade. Ao mesmo tempo, porém, existe a dúvida sobre a viabilidade do investimento na área, devido à incerteza dos ventos e questões regulatórias.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mário Menel, um projeto piloto está sendo desenvolvido para testar o uso das eólicas em autoprodução. "A gente não descarta nenhuma das fontes, e uma das que estamos olhando com carinho é a eólica", aponta o executivo. A ideia, adianta Menel, seria criar uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) reunindo um grupo de autoprodutores e uma empresa elétrica para implantar um parque eólico que teria parte ou toda a produção destinada à categoria.

"Fizemos um estudo de viabilidade, primeiramente, com parâmetros genéricos, pegando um fator de capacidade médio de uma usina, e calculamos. Nesse momento houve um sinal favorável, de que valia a pena ir mais fundo. Então achamos um parceiro e ele tinha um local com medição (de ventos) já de quatro anos, no Nordeste, que se mostrou competitivo, desde que houvesse algumas características de arranjo comercial e etc", conta o executivo.

O presidente da Abiape afirma que estão em andamento negociações da parte legal para montar a SPE e realizar o arranjo comercial, o que deve estar concluído até o final deste ano. Daí para a frente, a implantação do parque poderia ser concluída em cerca de dois anos, que é o tempo médio de montagem para uma usina eólica. "Estamos em vias de viabilizar o primeiro parque eólico para autoprodutores. Independentemente de leilões. Num primeiro momento, até para diluir riscos, haverá um consórcio de autoprodutores, até para experimentar e ver como funciona", pontua Menel.

Gás natural
A geração de energia com gás natural também é, de acordo com Menel, algo que "sempre esteve nos planos" dos associados da Abiape. O que falta, para o executivo, é uma sinalização de longo prazo para preço e disponibilidade do insumo por parte do fornecedor - no caso, a Petrobras. "No Estado de São Paulo, se a gente tivesse esses sinais, faríamos um fantástico programa de cogeração - que, ao mesmo tempo, é geração distribuída, com enormes vantagens para o sistema", exemplifica.

O presidente da associação de autoprodutores, que engloba nomes como Vale, Alcoa, Vorotantim, CSN e Gerdau, também garante que, "caso a Petrobras oferecesse o gás pelo mesmo valor que ela vendeu para a usina dela mesma no último leilão, provavelmente sairia uma série de projetos que estão engavetados para cogeração industrial". (Jornal da Energia)


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