SÃO PAULO - O leilão de energia elétrica A-3 concluído nesta quarta-feira contratou um volume 43 por cento superior à demanda declarada pelas distribuidoras, de acordo com o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. O leilão comercializou 1.543,8 megawatts-médios (MW médios) de energia e movimentou 29,14 bilhões de reais em contratos.
A contratação acima da demanda ocorreu porque o último empreendimento a vender energia, segundo as regras do leilão, não poderia ter a sua oferta dividida.
"Assim, dependendo se temos com o preço marginal (preço mais alto a ser contratado) uma usina grande, contratamos a usina toda e contratamos além da demanda", explicou Tolmasquim.
A usina termelétrica Baixada Fluminense, da Petrobras, foi último projeto a vender energia, ao preço de 104,75 reais por megawatt-hora (MW), o maior do leilão.
O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Julião Coelho, disse que o preço médio praticado no leilão ficou em 102,07 reais por MWh. "O preço médio hoje pago pelo consumidor a título de custo da energia está em 108 reais por MWh", afirmou.
Já o menor preço praticado no leilão foi da energia eólica, cujo preço médio foi de 99,57 reais por MWh. O valor representou queda de 23,91 por cento em comparação ao preço médio do último leilão, realizado em 2010, onde o preço foi de 130,86 reais por MWh. Em relação ao teto estipulado, o deságio foi 28,36 por cento.
EÓLICA X GÁS NATURAL - O leilão A-3 foi marcado pela forte representatividade de energia eólica e gás natural, já que do total de 2.744,6 MW de capacidade instalada viabilizados no leilão, 39 por cento corresponderam a energia eólica e 38 por cento de termelétricas a gás natural.
"Em capacidade instalada houve um empate entre as duas fontes (...) Não houve necessidade de criar reserva de mercado para garantir que elas estivessem participando", disse Tolmasquim ao afirmar que o leilão foi "equilibrado" entre as fontes e regiões do país.
Ao todo, 51 usinas venderam energia, das quais 44 foram empreendimentos eólicos, duas termelétricas a gás natural e quatro usinas a biomassa.
Além disso, foram vendidos 209,3 MW médios da usina de Jirau, a 102 reais por MWh, sem deságio ante o preço inicialmente estabelecido. As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) não venderam energia no leilão.
A Cemig foi a distribuidora a contratar a maior parte da energia no certame, 25,20 por cento do total. A CPFL Piratininga contratou 11,07 por cento e a Amazonas Energia contratou 10,81 por cento do total contratado.
VANTAGEM COMPETITIVA - Além da Petrobras, o outro único empreendedor a vender energia no leilão foi a MPX, do grupo do empresário Eike Batista, que entrou com 470,7 MW médios de garantia física no certame. A energia foi comercializada ao preço de 101,9 reais por MWh.
Este era o cenário previsto por especialistas de mercado, que apontavam que a MPX teria vantagem por ter fornecimento de gás de empresas do mesmo grupo, assim como a Petrobras. A estatal ainda estabeleceu condições de fornecimento de gás para as outras concorrentes diferentes daquelas que firmou para a sua térmica. A UTE Baixada Fluminense declarou inflexibilidade zero para a usina, mas para as companhias às quais forneceria o gás, a Petrobras exigiu uma flexibilidade mínima de 30 por cento.
PRÓXIMOS LEILÕES - A portaria com os procedimentos para o próximo leilão de energia nova A-5, com início da entrega em 2016, deve sair até o fim de agosto, informou o presidente da EPE. O leilão poderá tanto ter oferta de energia apenas de usinas hidrelétricas como poderá também incluir outras fontes na competição, segundo Tolmasquim. (REUTERS)
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