sexta-feira, 15 de julho de 2011

Térmicas movidas a gás natural e energia eólica entrarão com força no próximo leilão, diz Tolmasquim

Na avaliação do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, as usinas termelétricas movida a gás natural e as eólicas (movidas pelos ventos) entrarão em ótimas condições de competitividade nos próximos leilões de energia A-3 e de reserva, que serão realizados pelo governo em julho - o dia ainda não está definido.

No leilão A-3 os empreendedores terão que fornecer o suprimento da energia a ser contratado a partir de 1º de janeiro de 2014, enquanto o leilão de reserva deverá ter a energia disponibilizada a partir de 1º de julho do mesmo ano.

Em entrevista à Agência Brasil, Tolmasquim disse acreditar na competitividade das duas fontes, uma vez que o aumento da oferta de gás natural e a queda nos preços devem atrair os investidores para este tipo de empreendimento, enquanto a maior oferta de equipamentos a preços mais competitivos deve favorecer os empreendimentos que usam a energia eólica.

“Com a contribuição desses fatores, certamente as fontes com o maior peso são as eólicas e as térmicas a gás, praticamente empatadas. Acho que essa será a grande disputa do leilão, embora haja espaço também para outras fontes."

Para o leilão a ser realizado no próximo mês, o presidente da EPE lembra que a empresa contabilizou 30 projetos de geração a gás natural, totalizando 10.871 megawatts (MW) de capacidade instalada.

O volume de empreendimentos com geração a partir do gás natural empata com a capacidade de energia eólica, que, embora tenha levado ao cadastramento de 429 projetos, viabilizará uma capacidade instalada semelhante a das térmicas a gás: 10.935 MW.

Para os dois leilões foram contabilizados 582 empreendimentos cadastrados, entre usinas hidrelétricas, inclusive as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), centrais eólicas e térmicas movidas a gás natural e a biomassa - principalmente bagaço da cana-de-açúcar.

A oferta total dos projetos habilitados será de 27.561 MW de potência instalada, volume que, segundo a EPE, “extrapolou todas as expectativas anteriores ao início do prazo de cadastramento”.

Com licenciamento mais ágil, governo vai acabar com licitação casada de geração e transmissão -Os ministérios de Minas e Energia (MME) e do Meio Ambiente estudam medidas para otimizar os processos de licenciamento de obras de geração e transmissão da energia elétrica no país. De acordo com Maurício Tolmasquim, o governo quer acabar com um dos principais gargalos que dificultam os investimentos no setor. “Temos tido alguns problemas na questão do licenciamento, mas isso a gente acha que vai ser superado”, disse ele.

Quando o processo de licenciamento for mais ágil, Tolmasquim disse que o modelo de investimento casado de geração e transmissão será descartado. “Após as medidas, não vai ser preciso fazer as duas [licitações] juntas [da usina geradora e da linha de transmissão]. A gente acha que vai ter condições de fazer a linha [de transmissão] a tempo, sem executar [a obra] junto com a da usina. Primeiro, faremos leilão da usina de geração. E, às vezes, uma linha de transmissão atende a várias usinas”, explicou após a reunião do Conselho Temático de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.

Nos próximos dez anos, a EPE prevê expansão de 43% das linhas de transmissão que, atualmente, somam 99 mil quilômetros de extensão. O Brasil teria, em 2020, mais 42 mil quilômetros de linhas. “Isso traz tranquilidade, temos grande parte da expansão equacionada", disse ele.

As fontes de energia renováveis que, atualmente, são responsáveis por 83% da produção, continuarão com o mesmo percentual ao longo dos próximos dez anos. A participação da hidreletricidade cairá de 75% para 67%, enquanto as fontes alternativas, como eólica , biomassa e de pequenas centrais hidrelétricas (PCH) dobrarão a oferta, de 8% para 16%. As termelétricas nucleares e movidas por combustíveis fósseis permanecerão com as mesmas fatias na matriz: 2% e 15%, respectivamente.

Para o presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da CNI, José de Freitas Mascarenhas, o cenário otimista apresentado para o setor elétrico é viável. “Acredito que o risco de apagão nos próximos anos é diminuto, porque os números estão postos e, quando tem planejamento, isso é possível”. (Revista Fator)

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