BRASÍLIA - O governo Dilma Rousseff estuda um conjunto de medidas para conter o aumento dos preços da energia elétrica e reduzir os custos da indústria e do comércio. A pedido da presidente, um grupo deve ser criado para analisar a questão. Ele será formado pelos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento e de Minas e Energia e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Dentre as possibilidades está a desoneração da conta de luz, com a mudança da cobrança do PIS/Cofins. O tributo poderia voltar a ser cobrado como antes de 2003, quando incidia cumulativamente em toda a cadeia do setor elétrico. O percentual, na época, era de 3,65% (PIS de 0,65% e Cofins de 3%). Agora, o impacto não é cumulativo, mas a alíquota subiu para 9,25% no final do processo.
Com a mudança no PIS/ Cofins, o peso dos tributos federais na conta de luz subiu de 6,9% em 2002 para 13,9% em 2009, segundo estudo da PriceWaterhouse Coopers. A alteração na cobrança desse tributo sobre o consumo é promessa de campanha de Dilma e pedido antigo do setor elétrico. As medidas de desoneração da conta de luz não serão baixadas neste ano por conta das dificuldades de caixa do governo federal, decidido a fazer um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento para ajudar o Banco Central no combate à inflação.
ENCARGOS
Também está em estudo a revisão dos encargos na tarifa de energia. Eles não são impostos e existem apenas no setor elétrico. Pelo menos 14 deles estão embutidos na fatura do consumidor. Os encargos servem para bancar subsídios para a geração de energias alternativas e para programas sociais como o "Luz para Todos". Outro item a ser estudado pelo grupo é a mudança na fórmula de reajuste das distribuidoras, aplicado anualmente pela Aneel.
A cada quatro anos as empresas de energia passam por uma revisão mais ampla, em que todos os seus custos e ganhos de produtividade são avaliados. Em 2011 teve início o terceiro ciclo, mas a agência reguladora ainda não definiu as novas bases de cálculo. O novo modelo ainda está em consulta pública. A intenção do governo é que sejam repassados ao consumidor os ganhos de produtividade das concessionárias de energia.
Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, diz que hoje a carga tributária no setor elétrico chega a 45% do total, o que significa um peso muito grande para os consumidores e a perda de competitividade da indústria nacional. Para ele, é preciso que o governo reveja com urgência os encargos na tarifa, em especial a RGR (Reserva Global de Reversão), cuja extensão da cobrança até 2030 está no Congresso à espera de votação. O governo já sinalizou, porém, que não pretende mexer na RGR, que arrecada R$ 1,6 bilhão por ano. (Folha de S. Paulo)
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