O Estado de Pernambuco tem três termelétricas atrasadas entre as nove que estão se implantando, segundo o relatório de fiscalização que a própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) produziu em janeiro último. O documento lista 63 térmicas, das quais 32 estão com algum tipo de atraso pelos mais diversos motivos, que vão desde a falta de gás natural a dificuldades no financiamento, licenciamento, entre outros. No Estado, as térmicas consideradas com a implantação em atraso, pela Aneel, são a Termocabo, instalada no Cabo, a Pernambuco IV, que seria implantada em Igarassu, e a Itatérmica Pernambuco, que vai fornecer energia para consumo próprio.
“Essa situação é preocupante, porque as térmicas foram planejadas (pelo governo federal) baseadas num determinado crescimento do consumo de energia que deve ocorrer. Isso pode trazer o risco de não ligarmos mais consumidores novos no sistema”, comenta o presidente do conselho temático de infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger.
Geralmente, as térmicas saem do papel após vencerem os leilões realizados pelo governo federal. Depois disso, os empreendimentos têm a garantia da compra de energia, remunerando o investimento feito pelas empresas. A implantação destas térmicas foi estimulada pelo governo federal e faz parte do planejamento feito pela União para o crescimento do consumo de energia no País.
A Itatérmica Pernambuco (em Goiana) é um empreendimento que vai produzir pouca energia para consumo próprio. Prevista para ser implantada em Igarassu (na Mata Norte), a termelétrica Pernambuco IV pode gerar, em média, 112,4 MW médios. A empresa deveria iniciar a sua operação em novembro de 2009 e teria que estar concluída em janeiro último, mas teve alguns problemas no licenciamento ambiental, de acordo com a Aneel. A previsão da agência é que ela fique pronta em novembro próximo. A assessoria de imprensa da Multiner (responsável pelo empreendimento) informou que está ciente e irá tomar todas as providências.
Já a Termocabo é considerada atrasada pela agência porque a empresa deveria estar produzindo 97 MW médios e a sua atual produção é de 48 MW médios. “Não procede a informação de que o cronograma está atrasado. Estamos funcionando desde 2002 Esta semana, vamos verificar na Aneel o porque dessa informação”, explica o diretor financeiro da Termocabo, Benjamim Costa.
Para o diretor do Instituto Ilumina Nordeste Antonio Feijó, “o Brasil já tem térmicas demais. Quando elas entrarem vão ficar paradas e aumentar a tarifa. No País, cerca de 26% da capacidade instalada da geração de energia são de térmicas e se usa menos que 10% disso”, comenta.
Geralmente, as térmicas recebem um valor menor, quando estão paradas e geram energia para poupar a água dos reservatórios das grande hidrelétricas. Uma das poucas exceções é a Termopernambuco que fez um contrato de venda com a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), que também pertence ao Grupo Neoenergia. Nesse caso, mesmo parada, a térmica ganha como se estivesse produzindo. A energia gerada pela térmica é mais cara, porque ela usa o diesel ou gás para gerar energia, enquanto as hidrelétricas têm a água como matéria-prima. (Jornal do Commercio)
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