segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

2010 foi ano das fontes renováveis de energia

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que planeja a expansão do setor elétrico brasileiro, havia se comprometido a contratar somente fontes de energia renovável em 2010. Apesar das dúvidas que foram levantadas e dos entraves no meio do caminho, a meta foi cumprida. Os leilões de energia promovidos no ano negociaram 14.083MW provenientes de novas hidrelétricas - o equivalente à usina de Itaipu, a segunda maior do mundo, com 14.000MW em capacidade instalada. A energia eólica também se destacou: foram viabilizados 2.048MW em usinas da fonte - mais do que a potência da hidrelétrica de Teles Pires, licitada em dezembro.

O montante de energia hidrelétrica leiloado foi turbinado com a usina de Belo Monte. Aquela que será a terceira maior hidrelétrica do mundo, com 11.233MW, foi licitada em abril. Em seguida, outros cinco projetos hídricos foram arrematados. A ideia inicial da EPE, de colocar à disposição dos empreendedores até 17 projetos, ficou longe de ser colocada em prática. O atraso na emissão de licenças ambientais pelo Ibama e por órgãos estaduais fez com que apenas sete plantas fossem leiloadas - sendo que uma delas, a UHE Santo Antonio do Jari, já possuía o documento.

Apesar das dificuldades, o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, afirmou, após o último leilão de energia do ano, que considera os resultados um sucesso. "Conseguimos fechar 2010 só com a contratação de fontes renováveis", comemorou Tolmasquim, que também destacou o fato de a hidrelétrica de Teles Pires (1.820MW) ter sido a usina com menor tarifa na história do País: R$58,35 por MWh.

Outro fato que foi bastante alardeado pelo governo foi a licitação de Belo Monte. O projeto, que teve os estudos iniciados há mais de trinta anos, foi retomado no mandato do presidente Lula e colocado em marcha após diversos desentendimentos entre o Ministério de Minas e Energia e o Ibama. Hoje, a usina ainda aguarda emissão, pelo órgão ambiental, da licença de instalação, exigida para permitir o início das obras.

Além da grande movimentação no setor hidrelétrico, o ano também foi marcado pela escalada da energia eólica, que perdeu o status de mais cara entre as chamadas fontes alternativas - que incluem também biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) - para mais barata. No leilão de reserva e de fontes alternativas, promovido em agosto, os mais de 2.000MW em usinas para geção através do vendo que foram viabilizados venderam energia por um preço médio de R$130,86 por MWh. No primeiro leilão que contratou plantas da fonte, a tarifa média havia ficado em R$148 por MWh.

O parque eólico Primavera, da PE Cristal, se tornou o mais barato do País, com energia comercializada por R$120,92 por MWh. Após o certame, Tolmasquim, presidente da EPE, se disse surpreso e contente com o resultado, que foi visto como algo que "quebrou paradigmas". O desepenho das eólicas atraiu até mesmo críticas dos concorrentes. Associações do setores de PCHs e biomassa questionaram os incentivos dados à fonte e pediram maior isonomia nos próximos certames.

Apesar da grande contratação de energia renovável e limpa, o fator ambiental também foi um dos pontos de destaque ao longo de 2010. Os licenciamentos ambientais não andaram no ritmo esperado pela EPE, como os próprios agentes do setor já acreditavam que aconteceria. O leilão A-5 teve de ser realizado duas vezes - uma no meio e uma no fim do ano - para conseguir licitar mais hidrelétricas e, mesmo assim, acabaram oferecendo a concessão seis usinas - contra uma ideia inicial de viabilizar 17 empreendimentos. Dessas, ainda, duas usinas no rio Parnaíba acabaram não arrematadas. Os investidores alegaram que as exigências fixadas pelo Ibama nas licenças emitidas encareceram demais os projetos e preferiram não dar lances.

O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, afirma que, em 2011, o objetivo é manter a política de prioridade máxima para os projetos de fontes renováveis. O executivo do governo diz que espera que licenciamentos que já estavam em curso, como os das hidrelétricas de Sinop e Foz do Apiacás, sejam concluídos o mais breve possível para que não seja necessário recorrer à geração termelétrica a gás ou carvão - mais poluente e cara. (Jornal da Energia)


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