sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Futuro do setor de bioenergia requer tecnologia e inovação

O debate global sobre segurança energética e mudanças climáticas tem tornado o setor de bioenergia brasileiro cada dia mais estratégico. Nos últimos anos, o segmento consolidou seu potencial nacionalmente e, por sua competência, abre oportunidades no mercado internacional, assegurando a liderança na produção de energia limpa e renovável. Hoje, o setor passa por uma mudança em seu modelo de negócio, no qual as operações agroindustriais são fortemente integradas e combinam competitividade e sustentabilidade.

As unidades incorporaram tecnologias agrícolas de última geração, com a total mecanização das operações e novas variedades de cana com alta produtividade, aliadas a inovações na área industrial, com moderna automação, alta eficiência dos processos e consumo otimizado de recursos naturais. Após dobrar de tamanho nos últimos quatro anos, o setor tem um potencial significativo de crescimento pela frente e um novo ciclo de investimentos deverá ser realizado pelas empresas brasileiras para acompanhar a demanda crescente no Brasil e no mundo.

Nesse cenário, é importante que esse crescimento seja acompanhado pelo desenvolvimento de tecnologias inovadoras e sustentáveis que agreguem valor aos processos e produtos do segmento para garantir rentabilidade e perenidade no médio e longo prazos. A inovação e a tecnologia serão determinantes para o Brasil continuar liderando a dinâmica do setor de bioenergia.

Hoje, existe um movimento internacional acelerado de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) focado em tecnologias de ruptura para aproveitar melhor a biomassa e criar produtos, como o plástico verde lançado recentemente pela Braskem. Estados Unidos e Europa, além de emergentes como China e Índia, já anunciaram a ambição de desenvolver tecnologias ligadas à valorização da biomassa. Nesse intenso ritmo de investimentos, é importante que o Brasil mobilize esforços dos setores público e privado e, por meio das universidades e de centros de excelência tecnológica, como o Centro de Tecnologia Canavieira e a Embrapa, defina um programa ambicioso de P&D.

Os recursos financeiros disponíveis -BNDES, Finep, Fapesp- contribuirão para que o país não perca as oportunidades do uso eficaz e sustentável da biomassa brasileira, a mais competitiva do mundo. O Brasil reúne as competências técnicas e humanas, mas o que o manterá à frente será sua capacidade de inovar. Se o país deseja garantir a liderança no setor de energia limpa e sustentável e agregar valor à biomassa na indústria química e bioquímica, grandes esforços e investimentos em novas tecnologias devem ser realizados de forma contínua, ousada e estruturada. José Carlos Grubisich é presidente da ETH Bioenergia
(Folha de S. Paulo)
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