O setor que mais recebeu dinheiro do FI-FGTS nos dois primeiros anos de atuação do fundo foi o de energia elétrica. Dos 28 ativos financiados até agora, 16 são da área energética. No total, o fundo desembolsou cerca de R$ 4,2 bilhões para empresas de geração, transmissão e distribuição de energia. Quem teve o maior volume de dinheiro foi a Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira.
Sozinho, o projeto recebeu - direta e indiretamente - R$ 1,876 bilhão. O consórcio que constrói a usina, de 3.150 megawatts (MW), teve R$ 1,757 bilhão. Outros R$ 119 milhões foram desembolsados pelo FI-FGTS para se tornar cotista do fundo Amazônia Energia, sócio da usina.
Na carteira de investimento do fundo, no entanto, o campeão de recebimento de recursos foi o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A instituição teve aporte de R$ 6,81 bilhões por meio da venda de debêntures para o FI-FGTS. Essa operação foi questionada pela Controladoria-Geral da União (CGU) por causa da baixa rentabilidade dos papéis comparada a outros de igual risco. O assunto também foi discutido pelo Conselho Curador do FGTS , que cogitou a possibilidade de blindar os recursos do FI-FGTS do acesso do BNDES, conforme relatório de gestão do conselho. Mas o dinheiro acabou sendo liberado, com aval do conselho.
Diversificação. Nos últimos meses, o fundo tem tentado diversificar seus investimentos. A última grande negociação foi fechada com a Odebrecht Transportes, que vendeu 30% de seu capital para o FI-FGTS, por R$ 1,3 bilhão. No portfólio da empresa estão ativos como o terminal portuário Embraport, em construção em Santos, e as concessões da Rodovia D. Pedro I (SP), Rota das Bandeiras (SP), Via Parque (PE) e Litoral Norte (BA) e Via Quatro (SP).
Em 2008, o FI-FGTS já havia comprado um terço da Embraport, por R$ 475 milhões. Além desses projetos, outro negócio da Odebrecht que tem participação do fundo de investimento é a empresa Foz do Brasil, que atua na área de saneamento básico.
Segundo o superintendente nacional de Fundos de Investimentos Especiais da Caixa, Roberto Carlos Madoglio, a próxima aposta será o setor de saneamento básico, extremamente carente de investimentos no Brasil. Ele explica que existe uma diretriz do conselho curador de elevar os investimentos nesta área.
Os primeiros negócios podem ser fechados com as empresas Sanesul (MS), Cosanpa (PA) e Caema (MA). O fundo já assinou termo de cooperação com as companhias para iniciar o processo de análise dos projetos.
Nessa área, o fundo terá de redobrar os cuidados, já que as empresas de saneamento - quase todas estatais - têm uma saúde financeira delicada. "Seguimos todos os ritos que o mercado adota para a aquisição de um ativo, como por exemplo os processos de due diligence (análise dos ativos)", afirma Madoglio.
No mercado, não há só críticas à expansão do FI-FGTS. O economista da consultoria LCA, Luiz Guilherme Piva, vê a criação do fundo como um importante instrumento para ajudar a financiar a infraestrutura. "A equipe técnica é de primeiro nível e a gestão é compartilhada entre governo e trabalhadores. Não há perigo de interferência." (O Estado de S.Paulo).
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