Até o fim do ano, a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) vai entregar ao governo federal um estudo pelo qual defenderá a construção de uma grande linha de transmissão na costa da região Nordeste do país. Especialistas contratados pela entidade acreditam que o projeto poderá estimular sensivelmente os investimentos na geração de energia elétrica a partir dos ventos, que começa a se tornar realidade e tem no litoral nordestino o seu maior potencial.
Nos dois leilões já realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foram comercializados pouco mais de 3,85 mil megawatts (MW) de energia eólica para entrega a partir de 2012. Desse volume, quase 90% está concentrado na faixa litorânea da região Nordeste, com destaque para os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará, onde sopram os melhores ventos para esta finalidade.
Porém, as grandes distâncias entre os parques geradores e as linhas de transmissão que hoje atendem a região acabam elevando o custo de operação das eólicas. Isso porque, de acordo com a legislação do setor, é de responsabilidade das empresas o investimento na conexão entre os aerogeradores e as linhas de transmissão. "Esse aporte representa cerca de 10% do custo de um parque", calcula Luis Carlos Ribeiro, diretor comercial da Multiempreendimentos, empresa contratada pela entidade para a elaboração do estudo.
A previsão da ABEEólica é de que 8 mil MW de energia eólica serão contratados de usinas do Nordeste até 2015
O projeto prevê a construção de uma linha com potência de 500 kilovolts (kV) ligando São Luís (MA) a Recife (PE), em um percurso de, aproximadamente, 970 quilômetros. O trajeto seria intermediado por seis subestações, localizadas nos municípios de Barroquinha (CE), Acaraú (CE), Pecém (CE), Mossoró (RN), João Câmara (RN) e Santa Rita (PB). Se considerado um preço médio de R$ 800 mil por quilômetro, a linha custaria algo em torno de R$ 780 milhões.
Ribeiro argumenta que a presença de um linhão mais próximo dos parques eólicos possibilitaria às empresas reverterem o custo da conexão em queda nos preços da energia produzida. O executivo também acredita que o empreendimento seria um atrativo a mais para os interessados em investir futuramente no setor. A previsão da ABEEólica é de que cerca de 8 mil MW de energia eólica serão contratados de usinas do Nordeste até 2015.
Além dos fatores financeiros, a nova linha pode se mostrar necessária no que tange à capacidade de transmissão de energia na região. De acordo com fontes do setor, a infraestrutura atual está próxima do esgotamento, especialmente no Rio Grande do Norte, onde está a maior parte dos projetos licitados no leilão realizado em agosto. "A ABEEólica está tentando mostrar que o desenvolvimento de um sistema de 500 kV na área litorânea resolveria esse problema e daria uma folga para ampliações no longo prazo", explicou Ribeiro.
Uma das principais críticas do setor é o fato de que o planejamento feito pelo governo na área de transmissão é baseado no resultado de cada leilão e não no potencial de longo prazo da geração eólica. Procurada, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, alegou apenas que está tomando as medidas necessárias para atender a demanda das eólicas no que se refere ao escoamento da energia.
Ribeiro enfatiza que o projeto do linhão do Nordeste pode até ser complementar ao que o governo federal já planeja para a região. Segundo ele, o trecho entre Recife e Natal, por exemplo, já consta do plano decenal da EPE. Já a ligação entre São Luís e Pecém poderia ser viabilizada com uma adaptação ao desenho já existente para o linhão de Belo Monte, que prevê uma rota Teresina (PI) - Sobral (CE) - Pecém, porém correndo pelo interior.
"Poderiam puxar essa linha mais para o litoral, o que ajudaria a atender a muitos projetos eólicos", sugeriu o especialista. Ele lembra que, caso fosse aceita essa adaptação, o projeto encabeçado pela ABEEólica poderia ser reduzido apenas ao trecho Pecém - Mossoró - Natal. "Mas temos ciência de que tudo vai depender do custo final", contemporizou Ribeiro.
A Multiempreendimentos ainda calcula o potencial de redução do custo da energia que o novo linhão poderia proporcionar. Assim que for concluído, o estudo será apresentado à EPE, à Chesf e ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A expectativa é de que o projeto seja levado a leilão. Além da ABEEólica, encabeçam o estudo as federações das indústrias de Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. (Valor Econômico)
Nos dois leilões já realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foram comercializados pouco mais de 3,85 mil megawatts (MW) de energia eólica para entrega a partir de 2012. Desse volume, quase 90% está concentrado na faixa litorânea da região Nordeste, com destaque para os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará, onde sopram os melhores ventos para esta finalidade.
Porém, as grandes distâncias entre os parques geradores e as linhas de transmissão que hoje atendem a região acabam elevando o custo de operação das eólicas. Isso porque, de acordo com a legislação do setor, é de responsabilidade das empresas o investimento na conexão entre os aerogeradores e as linhas de transmissão. "Esse aporte representa cerca de 10% do custo de um parque", calcula Luis Carlos Ribeiro, diretor comercial da Multiempreendimentos, empresa contratada pela entidade para a elaboração do estudo.
A previsão da ABEEólica é de que 8 mil MW de energia eólica serão contratados de usinas do Nordeste até 2015
O projeto prevê a construção de uma linha com potência de 500 kilovolts (kV) ligando São Luís (MA) a Recife (PE), em um percurso de, aproximadamente, 970 quilômetros. O trajeto seria intermediado por seis subestações, localizadas nos municípios de Barroquinha (CE), Acaraú (CE), Pecém (CE), Mossoró (RN), João Câmara (RN) e Santa Rita (PB). Se considerado um preço médio de R$ 800 mil por quilômetro, a linha custaria algo em torno de R$ 780 milhões.
Ribeiro argumenta que a presença de um linhão mais próximo dos parques eólicos possibilitaria às empresas reverterem o custo da conexão em queda nos preços da energia produzida. O executivo também acredita que o empreendimento seria um atrativo a mais para os interessados em investir futuramente no setor. A previsão da ABEEólica é de que cerca de 8 mil MW de energia eólica serão contratados de usinas do Nordeste até 2015.
Além dos fatores financeiros, a nova linha pode se mostrar necessária no que tange à capacidade de transmissão de energia na região. De acordo com fontes do setor, a infraestrutura atual está próxima do esgotamento, especialmente no Rio Grande do Norte, onde está a maior parte dos projetos licitados no leilão realizado em agosto. "A ABEEólica está tentando mostrar que o desenvolvimento de um sistema de 500 kV na área litorânea resolveria esse problema e daria uma folga para ampliações no longo prazo", explicou Ribeiro.
Uma das principais críticas do setor é o fato de que o planejamento feito pelo governo na área de transmissão é baseado no resultado de cada leilão e não no potencial de longo prazo da geração eólica. Procurada, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, alegou apenas que está tomando as medidas necessárias para atender a demanda das eólicas no que se refere ao escoamento da energia.
Ribeiro enfatiza que o projeto do linhão do Nordeste pode até ser complementar ao que o governo federal já planeja para a região. Segundo ele, o trecho entre Recife e Natal, por exemplo, já consta do plano decenal da EPE. Já a ligação entre São Luís e Pecém poderia ser viabilizada com uma adaptação ao desenho já existente para o linhão de Belo Monte, que prevê uma rota Teresina (PI) - Sobral (CE) - Pecém, porém correndo pelo interior.
"Poderiam puxar essa linha mais para o litoral, o que ajudaria a atender a muitos projetos eólicos", sugeriu o especialista. Ele lembra que, caso fosse aceita essa adaptação, o projeto encabeçado pela ABEEólica poderia ser reduzido apenas ao trecho Pecém - Mossoró - Natal. "Mas temos ciência de que tudo vai depender do custo final", contemporizou Ribeiro.
A Multiempreendimentos ainda calcula o potencial de redução do custo da energia que o novo linhão poderia proporcionar. Assim que for concluído, o estudo será apresentado à EPE, à Chesf e ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A expectativa é de que o projeto seja levado a leilão. Além da ABEEólica, encabeçam o estudo as federações das indústrias de Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. (Valor Econômico)
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