sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O baixo potencial de geração de Belo Monte

O governo nunca escondeu seu interesse político-eleitoral pelo projeto. No consórcio vencedor de Belo Monte predominaram as estatais Eletrobrás, Chesf e Eletronorte e os fundos de pensão Funcef, Petros e Previ. Acrescendo os recursos de R$ 13,5 bilhões que serão aportados pelo BNDES, será mínimo o risco para sócios privados. Mas as grandes construtoras não serão sócias, só contratadas.

Já se sabia, pelas informações divulgadas no site da agência reguladora, que, da capacidade nominal de geração de 11,2 mil MW, apenas 40% correspondiam à energia firme. A análise do Instituto de Engenharia dá conta de que a produção será ainda menor e a usina poderá sair mais cara do que os R$ 19 bilhões previstos.

Levando em conta as exigências ambientais, a manutenção do nível de água no Rio Xingu em proporção suficiente para assegurar a sobrevivência das populações ribeirinhas, as regras de operação das casas de força e as vazões naturais do rio, as conclusões do Instituto de Engenharia são arrasadoras. Nos anos de vazão mínima, "durante oito meses a água não será suficiente para acionar a plena carga nem mesmo a Casa de Força Complementar", enquanto "ficarão paradas todas as unidades geradoras da Casa de Força Principal, com 11 mil MW de potência instalada".

O custo de implantação de Belo Monte corresponderá a no mínimo 3/4 do custo de implantação de Itaipu, mas Belo Monte terá o equivalente a apenas 1/4 da produção de Itaipu.

Segundo a análise, Belo Monte só é viável com recursos investidos a fundo perdido pelo Tesouro. A usina será, além disso, o "pior projeto de engenharia da história do Brasil e talvez da engenharia mundial".

É intransigente, mas precária, a defesa de Belo Monte feita pelo governo Lula, com consequências nefastas tanto para os contribuintes, dos quais sairão, em última análise, os recursos que o Estado terá de alocar às estatais que tiverem prejuízo em Belo Monte, quanto para os consumidores, que serão supridos com mais energia térmica, dada a baixa capacidade real de geração de Belo Monte. (O Estado de São Paulo)