O leilão da hidrelétrica de São Manoel, localizada entre os Estados do Mato Grosso e Pará, provavelmente vai atrair mais interessados que o da usina de Sinop, que também será construída no Mato Grosso. Com capacidade instalada de 400 MW, Sinop foi licitada no dia 29 de agosto com um deságio pequeno, de 7,3%, em relação ao preço mínimo estabelecido pelo governo para energia vendida pelo empreendimento. O governo federal pretende incluir São Manoel, que terá uma potência instalada de 700 MW, no leilão marcado para o dia 13 de dezembro, ao lado de cinco usinas de pequeno porte: Cachoeira (de 68 MW de capacidade instalada), Ribeiro Gonçalves (de 113 MW), Itaocara (de 145 MW), Ercilândia (de 87 MW) e Foz do Piquiri (de 93 MW).
Na avaliação de Thaís Prandini, da consultoria Thymos Energia, todas as grandes empresas terão a obrigação de avaliar São Manoel. "Trata-se de uma usina muito boa", diz a consultora. Segundo ela, a hidrelétrica de Sinop, ao contrário, é um projeto com custos ambientais elevados. Mesmo sem ser tão atraente, Sinop serve de termômetro para São Manoel. É provável que os grupos que participaram do primeiro leilão em agosto também entrem na disputa no segundo certame, em dezembro, acirrando a concorrência com os candidatos mais prováveis, como a EDP, por exemplo.
Neste time estão a Électricité de France (EDF), que participou do leilão de Sinop em parceria com a Cemig. Segundo um analista, a EDF quer voltar a investir no Brasil, mas no segmento de geração. É esperado que a multinacional, a maior produtora e distribuidora de energia da França, seja uma forte candidata no leilão de São Manoel, bem como nos próximos certames de energia nova. Outro competidor em potencial é a Triunfo Participações. O Valor apurou que a empresa participou do leilão de Sinop, mas não de uma forma agressiva. A empresa ofereceu apenas o preço mínimo estipulado pelo governo para a energia vendida pela usina, de R$ 118 por MWh.
No mercado, sabe-se que a Triunfo tem interesse por novos projetos de geração de energia elétrica, mesmo que decida vender os ativos que já possui no setor. A empresa possui participação em duas hidrelétricas: Rio Canoas, em Santa Catarina, com capacidade instalada de 192 MW, e Rio Verde, em Goiás, com potência instalada de 116 MW. A primeira acaba de entrar em operação e começou a gerar caixa. Circulam no mercado rumores de que a Triunfo pretende alienar totalmente esses dois negócios. O grupo atua em outros setores de infraestrutura, como aeroportos (Viracopos) e rodovias.
O consórcio que venceu o leilão da usina de Sinop é composto pela Alupar, Eletronorte e Chesf. No entanto, a Alupar surpreendeu o próprio governo ao manifestou seu interesse em sair da sociedade no mesmo dia em que venceu o leilão. Há expectativas de que a EDF e a Cemig possam comprar a parte da Alupar no consórcio. Sinop exigirá investimentos de R$ 1,78 bilhão. A energia da usina, que ficará pronta em 2018, foi vendida por R$ 109, 40 por MWh, com um deságio 7,3% sobre o preço teto estabelecido pelo governo, de R$ 118 por MWh. A hidrelétrica de São Manoel é quase duas vezes maior e, portanto, deve exigir investimentos de mais de R$ 3 bilhões. Por ser um grande projeto, é esperado que as empresas busquem parceiros para participar do leilão. (Valor Econômico)
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