segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ministro de Minas e Energia diz entrada de chineses no setor é 'saudável' e pode levar à queda de tarifas

RIO - O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, afirmou nesta segunda-feira que a entrada de investidores chineses no setor energético no Brasil "está dentro das regras do jogo" e considerou esse movimento "saudável", pois tende a levar à redução de custos no preço da energia aos consumidores.
- O mercado brasileiro tem regras claras. O fato de (os chineses) assumirem o controle de empresas no setor de energia está dentro das regras do jogo - disse Zimmermann, após participar de solenidade de posse de dois novos diretores do Operador Nacional do Sisteme Elétrico (ONS), na sede da instituição, no Rio.

Semana passada foi acertada a venda do controle de sete empresas de transmissão de energia da Plena Transmissoras, de capital espanhol, à estatal chinesa State Grid Corporation of China. O acordo ainda depende de aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Perguntado se a entrada de empresas chinesas num mercado ainda não explorado pelo país asiático no Brasil poderia contribuir para a queda das tarifas de energia, Zimmermann fez uma breve retrospectiva do setor para, concluir que a competição só beneficia o consumidor brasileiro:

- Até 2003, 2004, as estatais federais eram impedidas de investir no segmento de transmissão de energia. A partir daqueles anos, a Eletrobras entrou na disputa, e os deságios aumentaram. Depois, vieram as espanholas. Elas passaram a trabalhar com uma taxa de retorno interna menor, e tivemos novos deságios. Então, é saudável que fatores novos ocorram, e que eles levem à modacidade tarifária (tarifas menores) - disse.

Zimmerman lembrou que a China trabalha com linhas de transmissão de 1.100 kilovolts (Kv), enquanto o Brasil trabalha com linhas de até 765 Kv.

- Os chineses poderão agregar tecnologia a nossas empresas. Quando entra um camarada agressivo em tecnologia, os outros são estimulados a inovar. E os chineses não são aventureiros, são uma economia estável - disse o diretor-geral da ONS, Hermes Chipp, que teve seu mandato renovado por mais quatro anos.

Para Chipp, a nova aposta dos chineses deverá ser no segmento de geração térmica, com carvão importado. Segundo ele, a demanda por energia térmica é forte na Região Sul do Brasil, um terreno potencial para os investidores asiáticos.

A Eletrobras também dá boas-vindas aos chineses. Para o diretor de Engenharia da estatal, Valter Cardeal, a chegada dos investidores asiáticos é vista "com naturalidade".

- Vai crescer quem tem o melhor preço - disse Cardeal, que também participou da cerimônia.
Ele ressaltou, porém, que não há tempo hábil para que os chineses disputem o próximo leilão de transmissão de energia, a ser realizado em 11 de junho. Segundo ele, é possível que a China novamente o ar da graça no segundo semestre, quando está previsto um novo leilão do segmento.

Além da renovação do mandato de Chipp por quatro anos, dois novos diretores foram empossados nesta segunda-feira. Istvan Gardos, que já trabalhava na ONS, assumiu a diretoria de assuntos corporativos, e o ex-secretário nacional de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia Ronaldo Schuck assumiu a diretoria de operação. Ambos ficam até meados de 2014. (O Globo)
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