A agressiva investida chinesa na distribuição de energia no Brasil, demonstrada pela compra, por R$ 3,1 bilhões, de parte das controladas pela Plena Transmissoras, dividiu opiniões. Se por um lado preocupa grupos nacionais que temem uma concorrência predatória no setor considerando o tamanho da State Grid Corporation of China (SGCC), por outro há quem comemore a chegada de um concorrente com muito dinheiro e com acesso a tecnologias que custam mais barato.
César de Barros Pinto, diretor-executivo da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), lembra que os chineses estão fabricando controladores de tensão do transformador, equipamento fundamental em linhas de transmissão, por menos da metade do preço de fabricantes tradicionais europeus. "Tenho a impressão de que quando analisam o negócio eles consideram coisas que os outros não tem, como uma plataforma tecnológica. Quem sabe estão potencializando isso (na oferta)?", questiona Pinto. Para ele, a chegada de mais um investidor estrangeiro no país, com capacidade para financiar a expansão do sistema elétrico, é fato para ser comemorado.
A SGCC comprou 100% das empresas Serra da Mesa Transmissora, Serra Paracatu, Poços de Caldas Transmissora, Ribeirão Preto Transmissora e Itumbiara Transmissora. Das empresas Expansión Transmissão e Espansión Itumbiara Marimbondo foram adquiridos 75%, com os 25% restantes ainda nas mãos da Abengoa Brasil, de origem espanhola.
A empresa chinesa tem 1,5 milhão de empregados e é a décima quinta maior do mundo. A avaliação geral no mercado é que 5% de participação chinesa no mercado brasileiro é uma fatia muito pequena. Por isso eles vão tentar adquirir tudo o que for colocado à venda no Brasil daqui por diante. É aí que os grupos nacionais se preocupam.
"Imagina concorrer com uma empresa gigante, que tem custo de capital baixíssimo. Ela vai devorar tudo que aparecer daqui por diante", afirma o executivo de uma companhia local, que pediu para não ser identificado.
O executivo de uma grande empresa do setor que analisou os ativos da Plena se disse preocupado com a chegada de um concorrente "pesado, com muito dinheiro e sem preocupação com a taxa de retorno dos investimentos". A suspeita quanto à taxa de retorno se deve ao fato de o valor da aquisição - R$ 1,792 bilhão à vista e mais assunção de R$ 1,3 bilhão em dívidas - representar o equivalente a quase oito vezes a soma do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) das sete empresas da Plena.
O lajida é um indicador da geração de caixa desses ativos. Uma pesquisa feita pelo Valor Data mostra que o lajida de todas as sete companhias, considerando apenas 75% da Expansión Transmissão e Expansión Itumbiara Marimbondo, soma R$ 248,3 milhões. Assim, o valor pago à vista de R$ 1,792 bilhão fica pouco acima de 7,2 vezes.
Se esse indicador fosse usado para se estipular, por exemplo, um valor para a Transmissão Paulista (CTEEP) - multiplicando-se o lajida de R$ 1,361 bilhão por oito - o valor ao qual se chega é de R$ 10,891 bilhões. É mais que o valor de mercado da CTEEP em dezembro de 2009, que era de R$ 7,939 bilhões.
Os chineses entraram indiretamente no setor de energia brasileiro no início deste ano, quando o China Investment Corporation (CIC), fundo soberano daquele país constituído com US$ 200 bilhões em reservas, comprou 15% da AES Corporation nos Estados Unidos em um negócio de US$ 1,58 bilhão. No Brasil a empresa controla a Eletropaulo e a AES Tietê. Todos os olhos estarão agora voltados para a estratégia dos chineses no próximo leilão de linhas de transmissão, marcado para 11 de junho em São Paulo. (Valor Econômico)
César de Barros Pinto, diretor-executivo da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), lembra que os chineses estão fabricando controladores de tensão do transformador, equipamento fundamental em linhas de transmissão, por menos da metade do preço de fabricantes tradicionais europeus. "Tenho a impressão de que quando analisam o negócio eles consideram coisas que os outros não tem, como uma plataforma tecnológica. Quem sabe estão potencializando isso (na oferta)?", questiona Pinto. Para ele, a chegada de mais um investidor estrangeiro no país, com capacidade para financiar a expansão do sistema elétrico, é fato para ser comemorado.
A SGCC comprou 100% das empresas Serra da Mesa Transmissora, Serra Paracatu, Poços de Caldas Transmissora, Ribeirão Preto Transmissora e Itumbiara Transmissora. Das empresas Expansión Transmissão e Espansión Itumbiara Marimbondo foram adquiridos 75%, com os 25% restantes ainda nas mãos da Abengoa Brasil, de origem espanhola.
A empresa chinesa tem 1,5 milhão de empregados e é a décima quinta maior do mundo. A avaliação geral no mercado é que 5% de participação chinesa no mercado brasileiro é uma fatia muito pequena. Por isso eles vão tentar adquirir tudo o que for colocado à venda no Brasil daqui por diante. É aí que os grupos nacionais se preocupam.
"Imagina concorrer com uma empresa gigante, que tem custo de capital baixíssimo. Ela vai devorar tudo que aparecer daqui por diante", afirma o executivo de uma companhia local, que pediu para não ser identificado.
O executivo de uma grande empresa do setor que analisou os ativos da Plena se disse preocupado com a chegada de um concorrente "pesado, com muito dinheiro e sem preocupação com a taxa de retorno dos investimentos". A suspeita quanto à taxa de retorno se deve ao fato de o valor da aquisição - R$ 1,792 bilhão à vista e mais assunção de R$ 1,3 bilhão em dívidas - representar o equivalente a quase oito vezes a soma do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) das sete empresas da Plena.
O lajida é um indicador da geração de caixa desses ativos. Uma pesquisa feita pelo Valor Data mostra que o lajida de todas as sete companhias, considerando apenas 75% da Expansión Transmissão e Expansión Itumbiara Marimbondo, soma R$ 248,3 milhões. Assim, o valor pago à vista de R$ 1,792 bilhão fica pouco acima de 7,2 vezes.
Se esse indicador fosse usado para se estipular, por exemplo, um valor para a Transmissão Paulista (CTEEP) - multiplicando-se o lajida de R$ 1,361 bilhão por oito - o valor ao qual se chega é de R$ 10,891 bilhões. É mais que o valor de mercado da CTEEP em dezembro de 2009, que era de R$ 7,939 bilhões.
Os chineses entraram indiretamente no setor de energia brasileiro no início deste ano, quando o China Investment Corporation (CIC), fundo soberano daquele país constituído com US$ 200 bilhões em reservas, comprou 15% da AES Corporation nos Estados Unidos em um negócio de US$ 1,58 bilhão. No Brasil a empresa controla a Eletropaulo e a AES Tietê. Todos os olhos estarão agora voltados para a estratégia dos chineses no próximo leilão de linhas de transmissão, marcado para 11 de junho em São Paulo. (Valor Econômico)