segunda-feira, 26 de abril de 2010

Novas fontes consideradas para suprir alta da demanda

Para suprir a expansão do consumo de energia, será necessário investimento na diversificação das formas de geração, afirmam especialistas. De toda a produção e demanda de eletricidade do país, 84,1% da matriz elétrica brasileira são formados por uma única fonte: hidrelétricas.

Até 2030, o plano nacional de energia pretende reduzir para 75% esta participação.

Segundo o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura, a principal fonte nacional vai continuar sendo a hidráulica, mas o objetivo do governo é ampliar a complementação de outras formas de geração, principalmente por biomassa.

– O Brasil tem potencial muito grande de expansão de hidrelétricas.

Usamos cerca de 80 mil megawatts (MW) e devemos alcançar 180 mil MW até 2030. Precisamos aproveitar essa fonte, que dominamos a tecnologia, é renovável e tem custo competitivo – avalia.

Ventura destaca que novos projetos de usinas hidrelétricas e leilões de outras fontes estão previstos para atender ao aumento de demanda nacional por energia. “Belo Monte é mais um passo para responder ao crescimento do consumo”.

Por ano, a demanda nacional por energia cresce cerca de 3.500 MW. A Usina de Belo Monte tem potência de 4.500 MW médios de geração. Para o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, isso mostra que a hidrelétrica não é a solução para o crescimento do país, já que representa apenas um ano de elevação da demanda. Ele destaca que é preciso ampliar e diversificar as fontes, evitando a dependência de apenas uma.

– O desafio energético nacional é muito grande. É preciso comparar o valor real dos projetos, sem considerar os subsídios do governo – avalia Sales.

Para ele, o nivelamento do custo de cada sistema é essencial para ser escolhida a melhor fonte, levando em conta fatores sociais, ambientais e econômicos. “Outras formas de geração podem ser mais caras, mas não sabemos ainda qual será o custo total de Belo Monte”, ressalta..

O custo final de Belo Monte, que pode chegar a R$ 36 bilhões, segundo estimativas de mercado, incluindo R$ 6 bilhões de desonerações do governo, viabiliza o investimento em outras fontes, ressalta Célio Bermann, coordenador do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP).

“O alto valor desta hidrelétrica a aproxima do custo de usinas de energia eólica e de biomassa”.

Segundo dados dos últimos leilões nacionais, o valor de comercialização de energia de hidrelétrica (R$ 77,97 MWh, no leilão de Belo Monte) fica abaixo do custo de fontes como eólica (R$ 148,39 MWh, no único leilão de dezembro de 2009), térmica (até R$ 145,23 MWh no último leilão em 2008) e biomassa (R$ 144,60 MWh).

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Helder Queiroz defende a diversificação da matriz energética nacional, mas pondera que o país não pode deixar de lado a vantagem econômica da energia hidráulica. “Outras fontes têm custo muito alto, por isso é preciso aproveitar esta fonte natural que o Brasil tem”.

Uma solução para atender à demanda e diversificar as fontes, seria a instalação de térmicas perto dos centros de consumo, segundo Sales. Ele ressalta que a matriz elétrica nacional tem grande percentual de fontes renováveis e a construção de termoelétricas não seria prejudicial ao meio ambiente. A construção de usinas de carvão na China chega a uma por semana, com potência de 1 mil MW médios. “Em quatro semanas, eles têm a mesma potência que o Brasil demanda por ano”, compara. (Jornal do Brasil)
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