Enquanto a construtora Queiroz Galvão não se decide se continua ou não no consórcio construtor e investidor da usina hidrelétrica de Belo Monte, as outras empreiteiras vencedoras do leilão da semana passada tentam convencer o governo e as empresas interessadas em entrar na sociedade investidora do empreendimento que são capazes financeiramente de suportar o financiamento do BNDES e os riscos da obra. Juntas, considerando inclusive Queiroz Galvão, as sete construtoras possuem um patrimônio líquido superior à soma do capital da Camargo Corrêa e Odebrecht. Sem a Queiroz, elas possuem duas Camargo Corrêa em patrimônio líquido.
Em faturamento líquido, elas registraram no ano de 2008 cerca de 55% da receita líquida somadas da Camargo e Odebrecht. Foram poucas as construtoras que já publicaram seus balanços referentes ao ano de 2009. No ano passado, algumas dessas construtoras, como foi o caso da Galvão Engenharia, dobraram de faturamento. A Galvão, uma dissidência da Queiroz Galvão, teve receita, descontados os impostos, de R$ 2 bilhões ante R$ 960 milhões do ano anterior. Essa diferença acentuada de faturamento é algo muito corriqueiro no setor de construção, já que algumas empresas contabilizam empreitadas inteiras em um único ano. De qualquer forma, os números da Galvão em 2009 a colocam lado a lado da Queiroz Galvão.
As empresas Mendes Junior, Serveng, Galvão Engenharia, Cetenco, J. Malucelli e Contern não falam sobre o assunto Queiroz Galvão ou sobre qualquer tema relacionado ao leilão. Mas nutrem o desejo de tocarem as obras sozinhas, sem nenhuma das quatro grandes do país, para ocuparem um lugar de destaque na ranking da construção pesada. No caso da Mendes Junior, seria uma volta ao prestígio que teve no passado.
"Somos capazes de tocar esse empreendimento sozinhos", disse o diretor de engenharia da Mendes Junior, Victorio Duque Semionato. O executivo foi abordado pela reportagem do Valor na recepção do prédio onde está hoje localizada a Contern, construtora do grupo Bertin. Semionato não quis conceder entrevista sobre o leilão ou sobre a discussão a respeito da saída ou não da Queiroz Galvão. Somente acrescentou ao comentário anterior: "Você já viu o nosso tamanho? É só olhar no nosso site."
O site conta a história da empresa, que já chegou a ser uma das maiores construtoras do país. Ela esteve na construção de hidrelétricas importantes, como Xingó e Paulo Afonso, como sócia da própria Chesf , à qual agora se associa novamente. Uma ferrovia no Iraque e uma usina hidrelétrica na China também estão em seu currículo. Mas todas essas obras geraram um grande passivo à companhia, que discute em ações bilionárias na Justiça contra o governo federal e a própria Chesf, uma delas no valor estimado pela própria companhia em seu balanço de mais de R$ 8 bilhões e que ainda corre em forma de recurso.
"Mas isso já está sendo solucionado e não vai atrapalhar nosso relacionamento", disse ainda Semionato, numa última resposta rápida antes de subir ao escritório da Contern para uma reunião com os outros sócios. A empresa que vai participar da empreitada é a Mendes Junior Trading, que é uma empresa coligada à Mendes Junior, dona das ações judiciais contra o governo e a Chesf. Mas ambas têm o mesmo dono, a empresa chamada Edificadora , da família Mendes Junior.
Outra construtora que já participou de grandes obras e hoje está escondida no mapa nacional é a Cetenco. Ela integrou o consórcio que construiu Itaipu e a usina de Guri na Venezuela, entre outras obras importantes. Essa foi a única empresa em que nenhum balanço foi encontrado. Os números da Contern, do grupo Bertin, foram achados em alguns processos de concorrência pelo qual ela passou, já que, por ser uma sociedade limitada, não possui balanço publicado. Os números mostram que seu patrimônio líquido em 2009 chegava próximo a R$ 880 milhões e seu lucro foi de R$ 95 milhões.
Mas as empresas interessadas em participar da sociedade, como as grande autoprodutoras de energia, olham o grupo levando em conta a participação da Queiroz Galvão. "Fizemos as contas e acreditamos que essas construtoras podem suportar a empreitada", diz um importante executivo de uma indústria autoprodutora de energia que estuda entrar na sociedade. "Nossos números mostraram que elas têm dez vezes o patrimônio da Andrade Gutierrez."
Os estudos para a otimização do projeto de Belo Monte já estão a todo vapor. As empresas projetistas que estudaram a fundo Belo Monte, mas estavam comprometidas com outros grupos, agora também estão fazendo suas ofertas ao consórcio vencedor. "Temos muitas otimizações no projeto que podem ajudar a melhorar essa rentabilidade que ficou muito apertada com o lance tão agressivo", disse um importante executivo de uma das maiores projetistas do país.
Sem a Queiroz Galvão, alguns executivos que pretendem trabalhar ou se associar ao grupo acreditam que as seis construtoras juntas até conseguem tocar o empreendimento. O problema seria a concentração do risco, pois uma obra tão grande, se der errada, ou se apresentar um custo extraordinário além das previsões, certamente as quebrariam. A consequência seria um grande calote no BNDES.
Um dos principais riscos da obra é a escavação dos dois canais que vão servir para desviar o rio Xingu. São canais que, pelo projeto original, terão 12 quilômetros de extensão cada um, com profundidade de 40 metros, o primeiro com 600 metros de largura, e o segundo com 400 metros. Apesar de muitos estudos feitos na região, existe o risco de haver mais rocha do que o esperado. E escavação em rocha custa até três vezes mais cara do que em terra. (Valor Econômico)
Em faturamento líquido, elas registraram no ano de 2008 cerca de 55% da receita líquida somadas da Camargo e Odebrecht. Foram poucas as construtoras que já publicaram seus balanços referentes ao ano de 2009. No ano passado, algumas dessas construtoras, como foi o caso da Galvão Engenharia, dobraram de faturamento. A Galvão, uma dissidência da Queiroz Galvão, teve receita, descontados os impostos, de R$ 2 bilhões ante R$ 960 milhões do ano anterior. Essa diferença acentuada de faturamento é algo muito corriqueiro no setor de construção, já que algumas empresas contabilizam empreitadas inteiras em um único ano. De qualquer forma, os números da Galvão em 2009 a colocam lado a lado da Queiroz Galvão.
As empresas Mendes Junior, Serveng, Galvão Engenharia, Cetenco, J. Malucelli e Contern não falam sobre o assunto Queiroz Galvão ou sobre qualquer tema relacionado ao leilão. Mas nutrem o desejo de tocarem as obras sozinhas, sem nenhuma das quatro grandes do país, para ocuparem um lugar de destaque na ranking da construção pesada. No caso da Mendes Junior, seria uma volta ao prestígio que teve no passado.
"Somos capazes de tocar esse empreendimento sozinhos", disse o diretor de engenharia da Mendes Junior, Victorio Duque Semionato. O executivo foi abordado pela reportagem do Valor na recepção do prédio onde está hoje localizada a Contern, construtora do grupo Bertin. Semionato não quis conceder entrevista sobre o leilão ou sobre a discussão a respeito da saída ou não da Queiroz Galvão. Somente acrescentou ao comentário anterior: "Você já viu o nosso tamanho? É só olhar no nosso site."
O site conta a história da empresa, que já chegou a ser uma das maiores construtoras do país. Ela esteve na construção de hidrelétricas importantes, como Xingó e Paulo Afonso, como sócia da própria Chesf , à qual agora se associa novamente. Uma ferrovia no Iraque e uma usina hidrelétrica na China também estão em seu currículo. Mas todas essas obras geraram um grande passivo à companhia, que discute em ações bilionárias na Justiça contra o governo federal e a própria Chesf, uma delas no valor estimado pela própria companhia em seu balanço de mais de R$ 8 bilhões e que ainda corre em forma de recurso.
"Mas isso já está sendo solucionado e não vai atrapalhar nosso relacionamento", disse ainda Semionato, numa última resposta rápida antes de subir ao escritório da Contern para uma reunião com os outros sócios. A empresa que vai participar da empreitada é a Mendes Junior Trading, que é uma empresa coligada à Mendes Junior, dona das ações judiciais contra o governo e a Chesf. Mas ambas têm o mesmo dono, a empresa chamada Edificadora , da família Mendes Junior.
Outra construtora que já participou de grandes obras e hoje está escondida no mapa nacional é a Cetenco. Ela integrou o consórcio que construiu Itaipu e a usina de Guri na Venezuela, entre outras obras importantes. Essa foi a única empresa em que nenhum balanço foi encontrado. Os números da Contern, do grupo Bertin, foram achados em alguns processos de concorrência pelo qual ela passou, já que, por ser uma sociedade limitada, não possui balanço publicado. Os números mostram que seu patrimônio líquido em 2009 chegava próximo a R$ 880 milhões e seu lucro foi de R$ 95 milhões.
Mas as empresas interessadas em participar da sociedade, como as grande autoprodutoras de energia, olham o grupo levando em conta a participação da Queiroz Galvão. "Fizemos as contas e acreditamos que essas construtoras podem suportar a empreitada", diz um importante executivo de uma indústria autoprodutora de energia que estuda entrar na sociedade. "Nossos números mostraram que elas têm dez vezes o patrimônio da Andrade Gutierrez."
Os estudos para a otimização do projeto de Belo Monte já estão a todo vapor. As empresas projetistas que estudaram a fundo Belo Monte, mas estavam comprometidas com outros grupos, agora também estão fazendo suas ofertas ao consórcio vencedor. "Temos muitas otimizações no projeto que podem ajudar a melhorar essa rentabilidade que ficou muito apertada com o lance tão agressivo", disse um importante executivo de uma das maiores projetistas do país.
Sem a Queiroz Galvão, alguns executivos que pretendem trabalhar ou se associar ao grupo acreditam que as seis construtoras juntas até conseguem tocar o empreendimento. O problema seria a concentração do risco, pois uma obra tão grande, se der errada, ou se apresentar um custo extraordinário além das previsões, certamente as quebrariam. A consequência seria um grande calote no BNDES.
Um dos principais riscos da obra é a escavação dos dois canais que vão servir para desviar o rio Xingu. São canais que, pelo projeto original, terão 12 quilômetros de extensão cada um, com profundidade de 40 metros, o primeiro com 600 metros de largura, e o segundo com 400 metros. Apesar de muitos estudos feitos na região, existe o risco de haver mais rocha do que o esperado. E escavação em rocha custa até três vezes mais cara do que em terra. (Valor Econômico)
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