terça-feira, 20 de abril de 2010

Distribuição de estatais atende a pleitos políticos

Brasília - Ao excluir a Eletronorte do leilão de Belo Monte para incluí-la obrigatoriamente no grupo que vencer, a direção da holding Eletrobras resolveu distribuir as outras três subsidiárias nos consórcios existentes de forma a atender certos pleitos políticos internos, avaliam profissionais das subsidiárias.

Nessa distribuição, levou vantagem a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), que participará sozinha com 49,98% do consórcio Norte Energia. Já Furnas e Eletrosul dividirão a parcela de 49% no grupo Belo Monte Energia, com 24,5% para cada.

O benefício à Chesf, que poderá ter controle de metade da usina, se seu consórcio ganhar, acomoda uma série de interesses políticos, segundo executivo de uma das controladas da Eletrobras.

A subsidiária nordestina é a que mais suscitou críticas à recente reformulação interna da estatal, que resultou em mudança de gestão, da marca e do nome das coligadas, que agora carregam a holding, chamando-se Eletrobras-Chesf, por exemplo.

No Recife e em outras cidades do Nordeste, houve manifestações contra as mudanças. Um grupo político bastante heterogêneo e de funcionários da empresa chegou a abraçar a sede da Chesf.

Em discurso, eram contra o que consideravam perda de autonomia da Chesf, que acabaria esvaziada. Porém, dependendo do resultado do leilão, a Chesf poderá acabar como a única subsidiária da holding fora de Belo Monte.

Se o grupo Belo Monte Energia vencer, Furnas e Eletrosul estarão na sociedade e a Eletronorte também figurará no grupo de controle da usina. Porém, se o consórcio Norte Energia vencer, serão apenas Chesf e Eletronorte na parte estatal da sociedade.

Na visão desse grupo que combate as mudanças administrativas da companhia nordestina, a Chesf é a subsidiária que atualmente mais leva a holding a obter lucro.

Para uma fonte do governo federal, porém, tanto a Chesf quanto as outras subsidiária, hoje, só têm porte para participar de um empreendimento do tamanho de Belo Monte por força financeira da holding.

O grupo que defende a Chesf teme que, no processo de transformação da Eletrobras na " Petrobras do setor elétrico " , as subsidiárias percam qualquer autonomia para decidir em quais empreendimentos podem entrar.
Na prática, de fato, com a reforma da empresa nos últimos meses, todas as decisões estratégicas das subsidiárias agora têm de passar por crivo da controladora, avaliar fonte do governo federal. (Valor Econômico)
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