segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Energia elétrica cara afugenta investidores do Brasil

Para as indústrias, o megawatt-hora, unidade de venda de energia, custa hoje cerca de R$ 230,00 – valor que, segundo as empresas, encarece os produtos fabricados no Brasil frente aos concorrentes internacionais que pagam bem menos pela energia. “O custo da energia elétrica no Brasil tem subido tanto que já está inviabilizando a permanência de algumas indústrias no país”, diz Ricardo Lima, presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia Elétrica e de Consumidores Livres (Abrace). “Precisamos de uma política industrial que leve em consideração o preço da energia.”

Efeito dominó
As empresas mais afetadas são aquelas que dependem de grandes quantidades de energia elétrica – as chamadas eletrointensivas. Como elas estão na base da cadeia de produção, o aumento de custo com a eletricidade é transferido para vários outros segmentos e espalha-se pela da economia.

Exemplo: a energia representa cerca de 40% dos gastos de produção de uma barra de alumínio, matéria prima para latinhas de refrigerante, esquadrias que emolduram janelas e automóveis. Atualmente, cerca de 7% do preço de um automóvel corresponde ao custo da energia gasta na sua fabricação.

Migração
Para tentar contornar os aumentos, empresas ligadas a base da cadeia de produção buscam oportunidades em outros países. A americana Alcoa já manifestou várias vezes o interesse em ampliar a produção de alumínio no Norte do Brasil e ficou à espera de garantias de que teria energia elétrica para seus projetos. Com a construção de usinas como Santo Antonio, Jirau e Belo Monte, este seria o momento de investir. Mas recentemente a matriz priorizou a criação de complexo de produção, orçado em US$ 10,8 bilhões, na Arábia Saudita, onde o custo de energia é um dos mais baixos do mundo.

No início de fevereiro, Carlos Ermírio de Moraes, presidente da holding que controla o grupo Votorantim, fez questão de ir a Brasília para apresentar ao presidente Luis Inácio Lula da Silva os próximos investimentos. Aproveitou também para contar que a Votorantim passaria a explorar alumínio de Trinidad e Tobago – e deixou claro na ocasião que o preço da energia fora definitivo na escolha do local.[Último Segundo]