quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Novo PLD pode aumentar encargos em dez vezes

A proposta para a alteração nos valores mínimo e máximo do Preço de Liquidificação da Diferença (PLD) pode resultar em um aumento em torno de dez vezes dos encargos a serem pagos pelos consumidores brasileiros. Os cálculos estão presentes em um estudo realizado pelo Grupo Safira Energia.


Atualmente o PLD pode oscilar entre R$ 15,62/MWh e R$ 822,83/MWh. Enquanto que pela nova metodologia apresentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o PLD mínimo subiria para R$ 30,26/MWh e o PLD Máximo cairia para R$ 388,04/MWh, reduzindo em mais de 50% o teto praticado. A agência prevê que a definição dos novos limites de PLD ocorra antes do período de sazonalização dos contratos por parte dos agentes, bem como antecedendo a realização do Leilão A-1, previsto para ocorrer em 5 de dezembro.

No entanto, de acordo com o gerente de regulação da Safira Energia, Fábio Cuberos, a proposta apresentada pela Aneel pode ser prejudicial aos agentes de mercado, uma vez que a consequência dessa alteração será a elevação dos valores de encargos pagos por todos os agentes de mercado, incluindo as distribuidoras de energia, que repassarão esses encargos aos consumidores brasileiros por meio dos reajustes tarifários.

"Esta proposta pode não trazer o efeito esperado pelo governo, pois se por um lado os agentes expostos terão sua exposição valorada a um PLD mais baixo, por outro lado esses mesmos agentes serão os responsáveis por pagar o encargo pelo uso das térmicas. Com isso, o ano de 2015 continua com a expectativa de ter reajustes tarifários elevados para os consumidores.", explica o executivo.

O estudo do Grupo Safira Energia mostra três possíveis cenários de preços praticados como teto do PLD sendo R$ 388,04/MWh, R$ 600,00/MWh e o atual valor praticado de R$ 822,83/MWh. Além disso, os dados da consultoria apontam quanto estes valores impactariam no bolso dos agentes de mercado e, consequentemente, dos consumidores. Segundo este levantamento, de janeiro a julho deste ano, com o PLD máximo atual, o montante de encargos pagos pelos consumidores foi de mais de R$ 582 milhões, informação obtida a partir dos dados disponibilizados pela CCEE.

Os outros dois cenários, com o PLD máximo a R$ 388,04/MWh e R$ 600,00/MWh, mostram que, no mesmo período, os novos valores de encargos a serem pagos pelos consumidores resultariam em dez e três vezes a mais de encargos, totalizando em, aproximadamente, R$ 5,4 bilhões e R$ 1,8 bi, um aumento de cerca de R$ 4,8 bilhões e R$ 1,2 bilhões respectivamente, a mais do encargo atual.

"Concluímos que, se o PLD máximo adotado pela Aneel for de R$ 388,04/MWh, menor que o valor atual, os encargos devem crescer em torno de dez vezes, porque, diante do cenário atual, quanto menor for o PLD máximo, maior será o montante de encargos a serem rateados entre os consumidores, uma vez que não há previsão para o desligamento das térmicas a curto prazo", afirma o gerente da Safira Energia. (Jornal da Energia)