quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Contratação de novas termelétricas é consenso entre especialistas do setor

A contratação de novas termelétricas para compor a matriz energética brasileira foi um ponto de consenso entre diversos especialistas do setor elétrico que participaram do Fórum "O Papel das Termelétricas Matriz Elétrica Brasileira", que aconteceu nesta quarta-feira, 13 de agosto, no Rio de Janeiro. Hermes Chipp, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, disse que um país com as características do Brasil, que tem uma demanda que cresce de 4% a 5% ao ano e que não consegue construir novos reservatórios nas hidrelétricas, não pode abrir mão da geração termelétrica. Ele destacou que o mundo está na onda da geração limpa, mas que quando o assunto é segurança energética, tem países que conseguem com uma matriz mais limpa e outros com uma matriz menos limpa.

"Belo Monte pode gerar 11 mil MW no período úmido e 1 mil MW no período seco. E quem gera a diferença de 10 mil MW no período seco? Então, quando se olha para frente, não tem jeito, tem que colocar mais termelétrica", declarou o executivo. Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, avalia que o país precisará cada vez mais de uma complementação térmica mais profunda, ou seja, uma maior quantidade de térmicas em períodos mais continuados.

Até mesmo o presidente da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente, Hélio Cavalcanti, e o Coordenador de Clima e Energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo, concordaram que não existe outra saída e que o país precisa de mais termelétricas. "A gente defende ostensivamente as eólicas, mas achamos que precisamos das térmicas", declarou Baitelo.

Chipp, do ONS, defendeu ainda que os leilões levem em consideração as externalidades das diversas fontes. "Quando se põe uma térmica, ela gera potência e isso é importantíssimo, mas não é considerado", avaliou. Segundo ele, o leilão contrata a fonte com o menor preço, mas desconsidera o valor da transmissão, que encarece aquela geração. "As térmicas eu posso escolher o local, mas o leilão não leva em consideração o sinal locacional adequado. Isso tem que ser considerado quando se define o preço", defendeu. (Agência Canal Energia)
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