quarta-feira, 2 de abril de 2014

Governo vai fixar reajuste-piso de energia para 2015

O governo vai definir nos próximos dias, por portaria, os reajustes mínimos que serão aplicados em 2015 nas tarifas de energia elétrica para bancar o custo extra das distribuidoras com a compra de energia mais cara neste ano. Esses percentuais serão usados como garantia para operações de empréstimo de até R$ 8 bilhões que a CCEE (Câmara de Compensação de Energia Elétrica) fará no mercado financeiro.

Além desse reajuste, haverá o percentual anual que as distribuidores são autorizadas a promover.

O governo está na fase final de estruturação dos financiamentos de socorro às distribuidoras, com problemas de caixa por não poder repassar à tarifa de luz a compra de energia mais cara neste ano, por causa da estiagem.

O programa deve funcionar como antecipação de recebíveis --os bancos fazem os empréstimos para bancar as despesas das distribuidoras, e elas, no ano que vem, usam as receitas dos aumentos de tarifas para quitá-los.

Os reajustes serão vinculados obrigatoriamente ao pagamento dos empréstimos, que terão prazo de até dois anos, com um ano de carência. As taxas de juros também foram aumentadas. A Fazenda havia falado em taxas próximas da Selic. Agora, elas serão de mercado: CDI (taxa de captação e empréstimo entre bancos) mais uma remuneração entre 1,5% e 2%.

O governo quer a participação de bancos brasileiros e estrangeiros. A Folha apurou que bancos consideram a proposta atual melhor que apresentada no fim de março, mas ainda condicionam sua participação à análise de risco (ou seja, à possibilidade de calote) dos recebíveis.

Atraso - O atraso na definição do plano de empréstimos já levou o governo a adiar do dia 9 para o final do mês o prazo de pagamento das distribuidoras às usinas geradoras. Se houver mais atrasos, o governo pode usar recur- sos do Tesouro para cobrir as despesas de fevereiro, que o mercado calcula em cerca de R$ 4 bilhões.

Ao todo, o governo avalia o estouro da energia neste ano entre R$ 18 bilhões e R$ 20 bilhões, dos quais R$ 4 bilhões serão bancados pelo Tesouro. Esperam-se outros R$ 8 bilhões do empréstimo da CCEE e R$ 8 bilhõesdo leilão de energia mais barata, no dia 25.

Em janeiro, o Tesouro usou R$ 1,2 bilhão para pagar o estouro. O valor não cobriu todas as despesas das distribuidoras com o custo extra de aquisição de energia, que foi de R$ 1,8 bilhão. (Folha de S. Paulo)
Leia também: 
Resolução prevê conta de luz pré-paga
Governo publica decreto sobre ajuda para distribuidoras de energia
Aneel descarta recorrer de liminar do TCU contra leilão de Três Irmãos
Instalação de hidrelétricas de pequeno porte pode ter regras simplificadas