quinta-feira, 20 de março de 2014

Governo muda o tom e aponta ´sinal amarelo´ no setor elétrico

O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse ontem que já está aceso o "sinal amarelo" para o setor elétrico. Foi a primeira vez que uma autoridade do governo elevou o tom das preocupações com as condições de oferta de energia.


"No sinal amarelo, estou analisando e acompanhando a estação chuvosa, pois todo mundo sabe que tivemos um mês de janeiro e fevereiro com baixíssimas afluências [chuvas] para os nossos reservatórios. Essa é a realidade que ocorre no Brasil", disse, depois de participar de audiência publica na Câmara dos Deputados.

O reconhecimento da gravidade da situação tem sido paulatino, mas em apenas um mês as autoridades oficiais passaram do que seria "risco zero" de racionamento de energia, como assegurou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para "sinal amarelo", conforme admitido ontem pelo secretário. Nesse meio tempo, os principais responsáveis pelas decisões do setor, por meio do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), afirmaram que o risco, entre fevereiro e março, já havia saído de "baixíssimo" para "baixo".

Zimmermann, novamente, defendeu o uso das usinas termelétricas que, segundo ele, não pode ser encarado como alternativa emergencial. "Não é reserva técnica, não é quebra-galho", frisou o secretário na audiência pública. Ele disse que a "tendência" é de que as usinas térmicas continuem funcionando até o fim deste ano, poupando as hidrelétricas que enfrentam dificuldades com o esvaziamento dos reservatórios. Ao todo, o parque de usinas térmicas do Brasil reúne 20 mil megawatts (MW) de capacidade instalada.

"Não se trata de térmicas de emergência, nem de térmicas de reserva. Foram térmicas que participaram de leilão e venderam energia para as distribuidoras", disse o secretário aos deputados presentes na audiência.

Os aumentos de tarifas de energia ao consumidor final a partir de 2015, segundo o secretário, serão, de certa forma, neutralizados pela redução do preço da energia decorrente do fim dos contratos de algumas usinas. A Cesp, a Cemig e a Copel, que não quiseram fazer a renovação antecipada desses contratos, vão devolver as concessões à União no próximo ano. Com isso, o secretário estima que os consumidores poderão contar com uma economia de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões por ano na conta de luz. Este benefício, disse, perdurará ao longo dos 30 anos de vigência dos contratos, baseado na cobertura do custo de operação e manutenção.

O efeito desse "fator redutor" de tarifa, conforme ele denominou, ajudará o governo a conter a oscilação de preço da energia a partir de 2015. "Ele neutraliza o efeito de ter que gerarenergia com térmicas este ano", comentou. (Valor Econômico)