sexta-feira, 28 de junho de 2013

Comitê de credores do grupo Rede vê "conflito de interesses"

Uma parte dos credores de grupo Rede, insatisfeita com o elevado deságio nas dívidas proposto pelo consórcio CPFL - Equatorial, ainda tenta permitir que a Energisa apresente uma proposta vinculante para a aquisição dos ativos. O pedido faz parte das reivindicações contidas em um documento que foi entregue à Justiça na terça-feira pelo comitê de credores do conglomerado de energia paulista, que possui dívidas de R$ 3,2 bilhões.

O comitê foi constituído na assembleia realizada no dia 5 de junho e sua função é fiscalizar o processo de recuperação judicial. Fazem parte do comitê de credores do Rede a Moneda Asset Management e o Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS). Uma nova assembleia será realizada na quarta-feira, no hotel Renaissance, em São Paulo, quando os detentores de créditos contra o Rede devem votar o plano da CPFL-Equatorial.

No documento entregue à Justiça, o comitê afirma que o contrato de compra e venda firmado por Jorge Queiroz, dono da empresa, "causa preocupação quanto a possível conflito de interesses entre os administradores e assessores das recuperandas e as próprias no que tange à conclusão, a qualquer custo, do negócio". Isto porque, segundo o documento, as cláusulas do contrato preveem o pagamento de R$ 40 milhões em honorários de assessores e bônus de retenção para administradores.

As cinco holdings do grupo entraram com pedido de recuperação judicial em novembro do ano passado. As oito distribuidoras de energia da empresa também estão sob intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde setembro.

Além de pedir que outros investidores apresentem propostas para aquisição dos ativos, o comitê de credores quer que a CPFL e a Equatorial informem os valores atribuídos a cada uma das subsidiárias no contrato firmado com Queiroz. O comitê também solicita que sejam apresentadas todas as propostas recebidas durante o processo de seleção dos investidores.

Os credores querem, ainda, anular os efeitos do contrato entre Queiroz e a CPFL-Equatorial. No documento, eles requerem que o juiz declare que o contrato "não gera obrigações para as recuperandas e não implica qualquer obstáculo para a prática de atos pelas recuperandas no contexto de sua recuperação judicial"

O comitê de credores também quer que a administradora judicial do Rede, a Deloitte, esclareça se já teve qualquer relação com a companhia, bem como com a Equatorial, CPFL e a Energisa.

A Energisa alega ter sido lesada e alijada da disputa pelo grupo Rede. Controlada pela família Botelho, a empresa afirma que Queiroz não permitiu que ela apresentasse uma proposta de compra, fornecendo sempre informações incompletas. A Energisa havia se aliado à Copel, do Paraná, mas a distribuidora estatal desistiu da disputa. Mesmo com a saída de sua sócia, a Energisa ainda declara ter interesse na aquisição. (Valor Econômico)
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