sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Tractebel vai participar de licitações de eólicas

Maior geradora privada do Brasil, a Tractebel Energia, empresa do grupo franco-belga GDF-Suez, planeja participar dos leilões de geração de energia deste ano. Dona de um portfólio de 6,9 mil megawatts (MW) de potência instalada em operação, a companhia tem planos de incluir eólicas e termelétricas a biomassa nas licitações de 2013.

"É um modelo que gostamos de fazer. Nos grandes projetos hidrelétricos participam eles [GDF-Suez]. Mitigam o risco de construção e depois transferem para a Tractebel. E os outros projetos são feitos pela própria Tractebel", disse ao Valor o diretor-presidente da empresa, Manoel Zaroni.

A empresa também estuda investir em térmicas a carvão e gás natural, de carona nos planos do governo de ampliar a participação de termelétricas no parque gerador brasileiro. Nesse caso, porém, Zaroni não acredita que possa fechar algum negócio neste ano, devido à falta de oferta de gás para novas usinas e de oportunidade para térmicas a carvão.

A Tractebel também pretende colocar em operação em março a última máquina da hidrelétrica de Estreito, de 1.087 MW, no rio Tocantins, da qual detém 60% de participação. Para junho, está previsto o início de operação de cinco parques eólicos no Nordeste, sendo quatro no Ceará e um no Piauí, totalizando 145,5 MW.

Segundo Zaroni, a incorporação, pela Tractebel, da participação de 60% da GDF-Suez em Jirau foi adiada para 2014. Os motivos foram a mudança no cronograma da hidrelétrica, de 3.750 MW, no rio Madeira (RO), cuja previsão de início de operação passou de janeiro para março deste ano, e o atraso na implantação do linhão que transportará a energia da usina até Estado de São Paulo. A participação da GDF-Suez em Jirau e as cinco eólicas aumentarão em 35% o portfólio de geração da Tractebel, para 9,3 mil MW.

Nascida a partir da privatização dos ativos de geração da Eletrosul, em 1998, a Tractebel foi uma das poucas elétricas que saíram ilesas da "avalanche" que atingiu o setor elétrico no ano passado, causada principalmente pela conturbada renovação onerosa das concessões elétricas. A empresa não tem nenhum ativo cuja concessão vence nos próximos anos (os primeiros contratos vencerão apenas em 2028).

A Tractebel, que também é uma das maiores comercializadoras de energia do país, ainda foi beneficiada por tabela. Isso porque a energia das usinas que tiveram concessões renovadas foi deslocada para o mercado cativo, diminuindo a oferta de energia no ambiente livre. A empresa vende cerca de 1,7 mil MW médios no mercado livre

A companhia fechou o último trimestre de 2012 com lucro líquido de R$ 433,7 milhões, 3,6% a menos que o contabilizado em igual período de 2011. A queda, segundo a empresa, foi provocada por efeitos não recorrentes, como a constituição de provisões para perdas resultantes de efeitos de incorporação de ativos (R$ 15,7 milhões).

Já o lucro anual da companhia foi de R$ 1,499 bilhão, com alta de 3,6% em relação ao exercício anterior. Na mesma comparação, a receita cresceu 13,5% para R$ 4,912 bilhões. "Tivemos uma receita bem maior e o resultado líquido foi apenas 3,6% mais alto. Mas o resultado do ano não foi ruim. Acontece que em 2011 tivemos muitos ganhos não recorrentes, como ganhos de exportação de energia [para Argentina] por exemplo. Não tivemos exportação em 2012. Se fosse desconsiderado esse ganho não recorrente em 2011, o nosso aumento no resultado líquido seria de 9% a 9,5%", afirmou o executivo. (Valor econômico)

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