quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Impacto de despesas adicionais de distribuidoras passa de R$ 1,5 bilhão em janeiro

O efeito conjugado das despesas com a geração termelétrica e a compra de energia no mercado de curto prazo aumentou o impacto sobre o caixa das empresas de distribuição de energia. O valor contabilizado em janeiro bateu em R$ 1,564 bilhão e terá de ser liquidado até a próxima segunda-feira, 25 de fevereiro.

"Isso renova nossa preocupação com a urgência do assunto", revela o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, Nelson Fonseca Leite, à Agência CanalEnergia. A necessidade de solução imediata para o problema será reforçada nas reuniões que a diretoria da Abradee terá na quinta-feira, 21, com a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica e com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

A conta final terá de ser paga pelo consumidor, mas um dos pontos em discussão é quando esse repasse deverá ocorrer. Pela legislação atual, os custos financeiros só podem ser embutidos na tarifa de energia nos reajustes anuais ou na revisão tarifária. A revisão tarifária extraordinária também é uma possibilidade, caso fique comprovado o desequilíbrio econômico financeiro das empresas afetadas, mas é uma opção que a agência reguladora prefere evitar no momento.

Os gastos do mês passado, segundo a Abradee, já ultrapassaram o Ebitda (sigla em inglês que significa lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) mensal das empresas. Eles são uma combinação de despesas como o Encargo de Serviços do Sistema, resultante do acionamento de usinas termelétricas fora da ordem de mérito de custo, para garantir a segurança energética do sistema; e a parcela variável dos contratos por disponibilidade dessas usinas.

Pesa ainda na conta o risco hidrológico das hidrelétricas cuja energia foi dividida entre as distribuidoras pelo sistema de cotas, no processo de renovação das concessões. Esse risco, antes assumido pelo gerador, será bancado pela distribuidora e repassado ao consumidor via tarifa.

A compra de energia no mercado para suprir a necessidade de mais de 2 mil MW médios que foram descontratados em dezembro do ano passado é outro item de peso. Ele expõe as empresas às oscilações do Preço de Liquidação das Diferenças, usado como base nas operações de curto prazo. Marco Delgado, diretor da Abradee, observa que mesmo com a tendência de redução do valor do PLD, ainda será necessário manter o despacho a plena carga das termelétricas, o que tem deixado várias empresas preocupadas.

"Já existe unanimidade em relação a esses números. O tempo é que é o problema. Na medida em que o tempo passa, é uma bola de neve que vai aumentando de tamanho", acrescenta Leite. O presidente da associação destaca que as sugestões levadas à Aneel e ao ministério serão as mesmas discutidas em dezembro passado. Além de um empréstimo especial do BNDES, as empresas também sugerem o uso de recursos de fundos setoriais, atualmente abrigados na Conta de Desenvolvimento Energético, para cobertura do valor já contabilizado. O uso do sistema de bandeiras tarifarias para a explicitação desses custos, que seriam agregados mensalmente às tarifas; ou até mesmo a cobrança por fora desses valores, como é feito com o PIS e a Cofins, também têm sido cogitados. (Canal Energia)

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