Ao longo de 2013, mensalmente, um montante que varia entre R$ 35 milhões e R$ 90 milhões sairá do bolso do consumidor brasileiro e será jogado ao vento. A cifra se refere à remuneração das usinas eólicas das empresas Renova, CPFL e Dobrevê na Bahia e no Rio Grande do Norte, que já estão prontas, mas desligadas do sistema porque a construção da linha de transmissão, sob responsabilidade da Chesf.
“A energia foi vendida por essas companhias em 2009 para entrega em julho de 2012. Duas usinas ficaram prontas em julho e uma em outubro, passando a receber pela energia disponível”, diz Erik Eduardo Rego, diretor da Excelência Energética, que calculou o desperdício. Somando os 700 MW de potência parada, chega-se aos R$ 35 milhões, comprados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que rateia o custo pelos consumidores. “A compra foi feita para evitar o risco de racionamento”, diz Rego.
Ao longo deste ano, mais geradoras ficarão prontas, elevando a carga parada para 1.800 MW. Sem a entrega das linhas, a conta chegaria a R$ 90 milhões. “Não baterá este valor porque algumas geradoras ainda atrasarão, portanto não começarão a cobrar pela energia, e algumas linhas ficarão prontas.”
O descasamento, explica o especialista, aconteceu porque o processo de expansão tem sido liderado pela geração, ou seja, a concessão de usinas foi entregue antes do planejamento da linha de transmissão. “Seria melhor fazer a outorga da transmissão primeiro, pois o governo já sabe onde estão os melhores ventos. Então, não sabe quem vai operar os parques eólicos, mas sabe onde eles devem estar”, afirma. “É a saída para este enigma do ovo e da galinha.”
Santo Antônio liga turbinas, mas ainda está sem conexão
A décima das 27 turbinas da usina hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, acaba de entrar em funcionamento, mas a energia que gera não pode ser levada para a região Sudeste, onde os consumidores enfrentam risco de apagão, porque a linha de transmissão do Madeira — apelidada de “linhão” — está atrasada e sem plano de conexão. O consórcio IE Madeira, responsável pelas obras do linhão, afirma que, apesar de atrasos “em alguns trechos”, espera concluir a construção até o fim de fevereiro, um ano depois da data prevista pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para a entrada em operação comercial do primeiro circuito.
Porém, o relatório de acompanhamento da Aneel prevê que esta linha entrará em operação em 30 de abril deste ano, o que daria dois meses para a implementação das conexões e a realização de testes na rede. Acontece que, além de concluir as obras, é preciso fazer a conexão por meio de conversoras, o que é exigido pela tecnologia de transmissão por corrente contínua, adotada no sistema. “Em circuitos de corrente alternada, bastaria engatar as pontas e por para funcionar”, explica Armando Ribeiro de Araújo, diretor técnico do IE Madeira. “Mas, neste caso, depois da obra, é preciso fazer testes.
A operação da linha depende de vários fatores. Vamos entregar a nossa parte,mas depois é preciso testar as conversoras. Não sei se a quantidade de turbinas em operação é suficiente para acionar o sistema”, disse Ribeiro Araújo ao BRASIL ECONÔMICO. “São necessárias reunião com as autoridades para coordenar o processo com as outras partes”, frisou o executivo. Porém, informou, ainda não há encontros marcados para decidir como e quando a conexão e os testes serão realizados. (Brasil Econômico)
Leia também:
* Governo comemora retorno das chuvas
* 'Apaguinhos' crescem e corte de luz bate recorde em 2012
* Chesf enxuga despesas para garantir queda na conta de luz
* Para Aneel, há risco de faltar luz em cidades brasileiras durante a Copa do Mundo
Leia também:
* Governo comemora retorno das chuvas
* 'Apaguinhos' crescem e corte de luz bate recorde em 2012
* Chesf enxuga despesas para garantir queda na conta de luz
* Para Aneel, há risco de faltar luz em cidades brasileiras durante a Copa do Mundo