Eficiência energética e fontes de produção próximas aos centros consumidores são algumas das sugestões que um grupo de especialistas faz ao governo brasileiro em um estudo de 102 páginas que questiona a política energética brasileira.
O quanto a energia produzida pelas hidrelétricas é realmente limpa e barata é uma das críticas do trabalho "O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21 - Oportunidades e Desafios", lançado na Rio+20 e relançado ontem em seminário em São Paulo. O estudo faz uma análise crítica da política energética brasileira e apresenta propostas alternativas.
"Como explicar o fato que o Brasil hoje tem uma das tarifas elétricas mais caras, se a sua fonte energética é, em princípio, de menor custo?", questiona o professor Celio Bermann, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo. "Os últimos apagões mostram que estamos fazendo o contrário do que é desejável e evidenciam o desleixo do governo e das empresas com investimentos na manutenção do sistema", continua. "Investe-se muito em novas obras, mas na melhoria e na eficiência do que já temos não se dá nenhuma atenção."
"Uma premissa diferente é a que questiona a extrapolação das taxas quase chinesas de crescimento do PIB à projeção da demanda por energia", diz o geógrafo Brent Millikan, diretor do Programa Amazônia da ONG International Rivers - Brasil. "É preciso desvincular uma coisa da outra, estimular a eficiência energética e rever as perdas que existem na distribuição", sugere.
O capítulo assinado por Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e por Millikan, fala dos impactos socioambientais das hidrelétricas, da emissão de gases-estufa ao alagar florestas, da perda de biodiversidade, dos conflitos com as populações locais. "Esses problemas são subdimensionados", diz Millikan.
O potencial da biomassa resultante das usinas de cana e álcool foi explorado em outro capítulo. O fio condutor é a segurança energética. "A biomassa é complementar à hidreletricidade", destaca Pedro Bara Neto, líder da estratégia de infraestrutura da Iniciativa Amazônia Viva da Rede WWF. (Valor Econômico)
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